As duas principais organizações criminosas de Honduras pediram perdão pelos crimes cometidos nos últimos anos. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (28/05) em uma prisão na cidade de San Pedro Sula, representantes dos grupos MS (Mara Salvatrucha) e M18 (Mara Barrio 18) – juntos responsáveis por milhares de mortes no país – assumiram a responsabilidade e se comprometeram a interromper a violência no país.
“Queremos pedir perdão à sociedade, queremos paz com Deus e com as autoridades”, afirmou um dos líderes da MS. Acompanharam e foram negociadores do processo de paz o bispo de San Pedro Sula, Romulo Emiliani, e o representante da OEA (Organização dos Estados Americanos) Adam Blackwell.
Em contrapartida, os líderes da MS e da M18 pediram “mais oportunidades” para trabalhar e melhores condições de vida para as crianças pobres do país, como “escola, postos de trabalhos e locais para aprender uma profissão”. Segundo eles, essas medidas seriam uma maneira de afastar jovens da criminalidade.
Reprodução Twitter
Em disputada entrevista de imprensa, líderes das organizações criminosas pedem perdão à sociedade
A expectativa em Honduras é que o cessar-fogo proposto pelos criminosos possa desencadear em um uma trégua formal, firmada em parceria com o governo do país. O processo seria semelhante ao que se vive em El Salvador.
O bispo Emiliani expressou, no entanto, que a trégua anunciada ontem (29) não é oficial. “Hoje não será firmado nenhum acordo. Iremos conversar mais adiante. Dependendo de alguns fatores haverá trégua entre as facções criminosas. No entanto, neste momento, não existe nada oficial que aponte para um acordo de paz”, afirma.
MS e M18 são acusados, entre outras coisas, de tráfico de drogas, homicídios, formação de quadrilha, jogo ilegal, imigração ilegal, lavagem de dinheiro, prostituição de menores, assaltos e vandalismo. As organizações criminosas hondurenhas fazem parte de uma rede de crimes que age em toda a América Central.
NULL
NULL
O presidente de Honduras, Porfirio Lobo, afirmou também nesta terça-feira (29) que apoia o cessar-fogo entre as organizações criminosas e o governo. Segundo informações da imprensa local, o Cohep (Conselho de Empresas Privadas de Honduras) também acredita que o processo pode trazer paz ao país.
Honduras, segundo relatório anual da ONU (Organização das Nações Unidas), é considerado o país mais violento do mundo, registrando uma média de 80,2 homicídios a cada cem mil habitantes. San Pedro Sula é vista como a cidade mais violenta do mundo.