Apesar da intenção manifestada neste fim de semana pelo presidente Juan Manuel Santos, a Colômbia não poderia ingressar na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico do Norte), segundo fontes da organização consultadas pelas agências Efe e Europa Press. Isso porque o país não cumpre com os “critérios geográficos” dos membros da aliança militar, localizados no hemisfério norte.
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Segundo as fontes citadas pelas agências, apesar do impedimento, a Colômbia poderia colaborar com a “troca de informação confidencial” com a aliança militar do Atlântico Norte. “Não há planos imediatos para estabelecer uma associação formal entre a Aliança e a Colômbia”, mas analisa-se a possibilidade de realizar “atividades específicas conjuntas”, afirmou uma fonte, segundo a agência Efe.
Efe (26/05/2013)
Evo Morales solicitou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Unasul para tratar o tema colombiano
Neste sábado (01/06), durante uma cerimônia com militares do Exército, o presidente colombiano afirmou que o ministério de Defesa de seu país assinará um convênio com a OTAN “para iniciar todo um processo de aproximações, de cooperação, com a intenção também de ingressar nesta organização porque a Colômbia tem direito, pode pensar grande”.
O anúncio gerou forte repercussão entre os governos vizinhos, que rechaçam a intenção colombiana de entrar na aliança militar, que possui um histórico de invasões a países. As primeiras reações partiram da Venezuela e da Nicarágua. O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi além e pediu que o secretário-geral da Unasul (União de Nações Sul-americanas) convoque uma reunião de emergência com o Conselho de Segurança do bloco para analisar a situação.
“Como é possível que a Colômbia peça para ser parte da OTAN? Para quê? Para agredir a América Latina, para que a OTAN nos invada, como invadiram a Europa e a África”, disse o mandatário boliviano, garantindo: “quero que saibam, é uma agressão, uma provocação, uma conspiração contra governos anti-imperialistas”, afirmou Evo, complementando: “Não podemos permitir que a OTAN intervenha na América Latina”.
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O presidente boliviano também pediu que as organizações da região se unam contra a proposta: “Convocamos os movimentos sociais a revisar a história, a nos organizar e nos unir para defender os recursos naturais, mas também a vida”, expressou.
Venezuela e Equador
A proposta de Evo de convocar uma reunião imediata da Unasul foi respaldada pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, que afirmou, nesta segunda-feira, que a Unasul e a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) devem “reagir” à pretensão colombiana “de se alinhar às políticas da OTAN e pedir ser parte” da mesma, o que considerou como “muito grave”.
Para o presidente venezuelano, o interesse da Colômbia em integrar a OTAN é “pior” que a existência de bases norte-americanas no país. “Lamentamos muito esta virada negativa que o governo da Colômbia deu em suas relações com a América do Sul e a América Latina, ao anunciar seu ingresso à OTAN, que é pior que o anúncio das sete bases militares. Porque querem trazer o poder, a estratégia militar que decidem em Washington, de guerra da OTAN, para o continente. Sem dúvidas é uma ameaça para o continente”, afirmou.
Efe (30/05/2013)
Santos disse que assinará um convênio com a OTAN “para iniciar todo um processo de aproximações, de cooperação”
“Todos sabemos que essa organização devia ter desaparecido faz tempo. Porque nasceu como produto da Guerra Fria”, disse Maduro discorrendo sobre a conjuntura da aliança militar. “Com a dissolução da União Soviética, a OTAN reconfigurou sua estratégia em função de um plano para um domínio militar, e quando falamos militar, como na história mundial sabemos, é o domínio cultural, político, econômico e a submissão do resto do mundo”, explicou.
O venezuelano fez referência à intervenção na Líbia, afirmando que o objetivo da “destruição” do país era o petróleo. “A OTAN é um aliança de países com visão de controle do mundo, é uma aliança para a guerra”, disse, ressaltando que a América Latina se declarou um território “de paz, livre de armas nucleares, de pactos militares com alianças nem potências do mundo. Esta é a razão de ser que deu motivo para a formação da Unasul”.
Maduro também pediu que o alto comando da FANB (Fornaça Armada Nacional Bolivariana) avalie, nas unidades militares, “o que significa a OTAN (…) para quando o Conselho de Defesa for convocado, irmos com suficientes verdades e argumentos para transmiti-los aos exércitos da América do Sul”.
Mais cedo, em coletiva de imprensa realizada após uma reunião bilateral na sede da chancelaria venezuelana, o ministro equatoriano para Relações Exteriores, Ricardo Patiño, afirmou que as declarações de Santos ainda devem ser “adequadamente avaliadas”, já que foram feitas recentemente, mas que geram preocupação.
Segundo ele, a declaração oficial do governo do Equador sobre a pretensão colombiana será expressada “em seu devido momento”. O chanceler adiantou, no entanto, o desejo de que a os países da América do Sul “continuem sendo territórios de paz”. “Queremos evitar envolvimento em questões de guerra, invasões em outras partes do mundo”, ressaltou.