Quando assumiu a presidência em 2008, Barack Obama prometeu mudanças. A principal bandeira do primeiro presidente negro dos EUA foi, na época, romper com a política do seu antecessor, o republicano George W. Bush.
Cinco anos depois, após a notícia desta quinta-feira (06/06) de que as gigantes da internet — entre elas Google, Facebook e Yahoo — foram obrigadas a ceder dados de clientes para o governo dos Estados Unidos, Obama sofreu um revés não imaginado em 2008: ser comparado a George W. Bush.
“Eu acho que o presidente precisa voltar em 2008 e ler o seu discurso. Ele prometeu não fazer parte dos políticos convencionais de Washington. E é exatamente o que acontece agora”, afirma o congressista democrata Elijah Cummings ao portal Politico.
Agência Efe
Antes aclamado, Obama agora enfrenta críticas em seu próprio partido
Quando Bush era o presidente, o partido Democrata fez oposição ao Patriot Act, dificultando a vida dos republicanos para a aprovações de leis no combate ao “terrorismo”. Com os grampos para usuários da internet e investigações sigilosas em chamadas de telefone de milhões de norte-americanos, Obama ganha, agora, oposição no seu próprio partido.
“Estou muito preocupado se a administração Obama não é apenas uma continuação de George W. Bush e os seus abusos em relação ao Patriot Act. Eu gostaria de ver coisas melhores da atual administração”, afirma o também congressista democrata Peter Defazio.
Nas mídias sociais, as manifestações contra Obama também foram maciças. “Será que o governo está me vigiando agora?”, indagavam diversos usuários no Twitter. “Obama é ainda pior que Bush, pois mentiu dizendo que não ia mais promover o Patriot Act”, afirmou um usuário.
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A contradição da administração Obama foi evidenciada ontem com o apoio de diversos senadores e congressistas republicanos aos grampos e interceptações da administração Obama. Geralmente polarizados por questões ideológicas, os conservadores norte-americanos tiveram o seu álibi para, em momento raro, concordar com Obama.
Sobre os grampos da Verizon, o senador Saxby Chambliss defendeu a medida, dizendo que “os números são basicamente coletados por computador”. O também republicano Lindsey Graham, por sua vez, declarou que não vê problemas nessa prática, por ser “imperativa” na “guerra ao terror”. “Se não fizermos isso, seremos loucos”, afirmou.
Já o deputado republicano Mike Rogers, presidente do House Intelligence Committee norte-americano, revelou em uma entrevista coletiva que a medida da NSA ajudou a impedir um número significativo de ataques terroristas domésticos nos últimos anos, mas não deu mais informações sobre o assunto.
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Na madrugada (ainda noite de quarta nos EUA) desta sexta-feira (07/06) o diretor Nacional de Inteligência de EUA, James Clapper, defendeu a prática de vigiar os arquivos telefônicos e dados das gigantes da internet como parte dos esforços para resguardar a segurança nacional e explicou as razões do governo americano para obter esses dados.
“A informação de inteligência exterior obtida neste programa é uma das mais importantes e valiosas que recopilamos, a qual é utilizada para proteger a nossa nação de uma ampla variedade de ameaças”, justificou Clapper