Em 21 de fevereiro de 1848, foi publicado pela primeira vez em alemão o Manifest der Kommunistischen Partei (Manifesto do Partido Comunista), um dos mais influentes documentos políticos da história. Assinado por Karl Marx e Friedrich Engels, tornou-se nos primeiros tempos do movimento social-democrata na Europa seu principal instrumento teórico e de ação. Pouco demorou para ser traduzido para os mais diversos idiomas e ser largamente difundido em todo o mundo.
Neste manifesto, divulgou-se extensamente, porém de maneira simples, as concepções de seus autores no campo da história e da filosofia. O documento deu especial destaque à análise histórica da luta de classes e aos problemas do capitalismo na época de sua publicação.
Interessante notar que no prefácio à edição em alemão de 1872, os próprios autores afirmavam que os princípios gerais desenvolvidos no Manifesto conservam, grosso modo, ainda hoje a sua plena correção. A aplicação prática destes princípios — o próprio Manifesto declara — dependerá sempre e em toda a parte das circunstâncias historicamente existentes, e por isso não se atribui de modo nenhum qualquer peso particular às medidas revolucionárias propostas.
“Face ao imenso desenvolvimento da grande indústria nos últimos 25 anos e, com ele, o progresso da organização do partido da classe operária, face às experiências práticas, primeiro da revolução de Fevereiro, e muito mais ainda da Comuna de Paris, na qual pela primeira vez o proletariado deteve o poder político durante dois meses —, este programa está hoje, num passo ou noutro, ultrapassado.”
Duas frases do documento, exatamente as que iniciam e concluem o manifesto tornaram-se ao longo das décadas um lema de ação dos movimentos revolucionários de esquerda. A inicial “Um fantasma ronda a Europa – o fantasma do comunismo”.
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Escultura de Karl Marx e Friedrich Engels, autores de Manifesto Comunista, em Berlim
E de modo especial a conclusiva máxima: “Os proletários nada têm a perder a não ser seus grilhões. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos.”, que ressalta o internacionalismo da luta de classes em detrimento do nacionalismo que buscava jogar um povo contra outro.
Costumam-se creditar a Friedrich Engels os primeiros rascunhos do Manifesto. Em julho de 1847, Engels foi escolhido entre os dirigentes da Liga dos Comunistas para redigir uma espécie de “catecismo”. Esse trabalho veio a ser conhecido como o “Esboço de uma Profissão de Fé Comunista”. O esboço continha quase duas dúzias de questões que ajudaram a expor as ideias à época tanto do próprio Engels quanto de Marx.
Em outubro de 1847, Engels redigiu seu segundo esboço para a Liga intitulado Os Princípios do Comunismo. O texto permaneceu inédito até 1914 a despeito de ter sido a base do Manifesto Comunista. Foi com fundamento nesse rascunho de Engels, que Marx, indicado para tanto pela Liga, escreveu O Manifesto Comunista, em que combinou suas ideias centrais com as do seu amigo nos esboços e particularmente na obra “A condição da classe trabalhadora na Inglaterra”.
Embora o nome dos dois apareça como os autores do Manifesto, Engels no prefácio da edição alemã de 1883 disse que o documento “era essencialmente obra de Marx” e que o “pensamento fundamental… pertence única e exclusivamente a Marx”.
Após a morte de Marx, Engels escreveu: “Não posso negar que antes e durante os 40 anos de minha cooperação com Marx tive certa participação independente em lançar os fundamentos da teoria, porém a maior parte de seus principais princípios básicos pertence a Marx… Marx era um gênio; nós outros, na melhor das hipóteses, talentosos. Sem ele a teoria não seria, de longe, o que é hoje. Portanto, ela com justiça leva o seu nome”.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.
Também nesta data:
1885 – Conferência de Berlim dá fim aos conflitos coloniais na África
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