Um dia depois de o ex-analista da CIA Edward Snowden, responsável pelo vazamento de informações sobre programas de espionagem do governo dos EUA, ter completado um mês dentro na zona de trânsito de um aeroporto em Moscou, a Câmara dos Representantes norte-americana começa a votar uma emenda destinada a limitar as operações da NSA (Agência Nacional de Segurança, na sigla em inglês), à qual a Casa Branca se opôs publicamente.
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Na noite desta terça-feira (23/07), o governo de Barack Obama publicou um comunicado em seu site oficial, em que se diz disposto a “continuar discutindo esses assuntos vitais com o povo norte-americano e o Congresso”, mas se opõe à proposta da emenda, chamada de “tentativa de desmantelar apressadamente” uma das “ferramentas de luta contra o terrorismo”.
Agência Efe
O governo de Obama considera que a emenda é uma tentativa de desmantelar uma “ferramenta contra o terrorismo”
A emenda, que deve ser votada entre hoje e amanhã, é o primeiro esforço do Congresso (que é constituído pela Câmara e pelo Senado) para frear a espionagem doméstica nos EUA. O projeto foi criado por Justin Amash, um congressista republicano do estado do Michigan que afirma que o povo norte-americano “está incomodamente a favor de conter a vigilância da NSA”.
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“Pedimos à Câmara dos Representantes que rejeite a emenda de [Justin] Amash e, ao invés dela, estabeleça um enfoque que leve em conta a necessidade de uma revisão racional das melhores ferramentas para assegurar a segurança da nação”, completava o comunicado do governo.
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“Minha emenda bloqueia o financiamento da coleta de dados pessoais por parte da NSA se esses dados não pertencerem a uma pessoa que esteja sob investigação”, explicou Amash. Isso significa que, se a emenda for aprovada, a NSA só terá permissão – e recursos – para coletar dados de pessoas consideradas suspeitas, diferentemente do que ocorre agora, com espionagem indistinta.
Amash não se abalou com a oposição da Casa Branca e até mesmo a considerou uma primeira vitória. “Quando foi a última vez que um presidente emitiu um comunicado urgente contra uma emenda? As elites de Washington têm medo da liberdade. Têm medo de vocês”, escreveu em sua conta no Twitter.
A própria NSA se manifestou contra a emenda, através do seu diretor, o general Keith Alexander, o que pode ser interpretado como um sinal do quanto considera importante a coleta de dados dos cidadãos. Alexander se reuniu ontem, separadamente, com congressistas democratas e republicanos, para pedir que votassem contra a ideia, segundo o jornal The New York Times.
A simples aprovação da emenda de Amash não restringiria a espionagem da NSA. Ela seria incluída nas considerações anuais dos gastos da defesa norte-americana, que estão sendo analisadas pelo Congresso nesta semana, e ainda precisa ser aprovada pelo Senado antes de chegar ao presidente Obama.