Ao prestar depoimento neste domingo (28/07) sobre o acidente de trem que matou 79 pessoas em Santiago de Compostela, na Espanha, o maquinista Francisco José Garzón admitiu falha humana no ocorrido e declarou estar distraído no momento da colisão.
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Garzón deve responder ao processo em liberdade, comparecendo semanalmente perante o juiz. Ele também está proibido de deixar a Espanha sem autorização judicial e de conduzir em ferrovias pelo período de seis meses. Ele encara acusações pelo homicídio de 79 pessoas e por vários delitos de lesão corporal, todos cometidos por imprudência profissional.
Agência Efe
Francisco José Garzón ao chegar ao tribunal onde prestou depoimento sobre o acidente de trem neste domingo (28)
Segundo testemunhas, o maquinista teria admitido que entrou na curva onde o acidente ocorreu com o dobro do limite de velocidade, que era de 80 km/h, e que isso ocorreu porque estava distraído e não percebeu que já havia chegado àquele pedaço do percurso. De acordo com a Agência Efe, Garzón afirmou que pensava estar em outro lugar e que chegou a frear, mas já era tarde demais.
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Fontes judiciais disseram que o maquinista evitou se queixar do trajeto, das condições da via ou do estado do trem, tendo assumido que o acidente ocorreu por “erro humano” da sua parte. Logo depois do descarrilamento do trem, Garzón teria dito ao serviço de incidências 24 horas da Adif, empresa que administra ferrovias na Espanha: “sou humano”, “somos humanos” e “espero que não haja mortos porque isso cairá sobre minha consciência”.
Depois do testemunho, o fiscal do caso, Antonio Roma, não quis pedir prisão preventiva por não considerar que haja risco de fuga ou destruição das provas. Agora, a polícia está analisando os dados do celular de Garzón, para avaliar em que momento do dia 24 de julho, data do acidente, este foi usado para efetuar ligações ou enviar mensagens de texto.
A Allianz Seguros, companhia que a empresa Renfe usava para o seguro obrigatório dos passageiros em caso de acidentes, anunciou que indenizará as famílias das 79 pessoas mortas com 60 mil euros cada uma. Em um comunicado, a seguradora afirmou que as indenizações para os que ficaram feridos poderão oscilar entre 1700 e 70 mil euros, de acordo com a gravidade das lesões.
A hipótese de imprudência profissional como causa do acidente foi a adotada pela Adif, pela Renfe e por alguns membros do governo desde a ocorrência do descarrilamento. O presidente da Adif chegou a declarar Garzón como culpado, dizendo que ele deveria ter freado quatro quilômetros antes e que controlar a velocidade do trem “é o papel do maquinista”.