O soldado norte-americano Bradley Manning, que admitiu ter vazado centenas de milhares de documentos secretos dos EUA ao Wikileaks, deve conhecer seu futuro na tarde desta terça-feira (30/07), quando uma juíza militar anunciará seu veredicto sobre o caso na base de Fort Meade, em uma cidade próxima a Baltimore.
Agência Efe
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Manning pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado da acusação mais grave apresentada contra ele: “colaboração com o inimigo”. No dia 1º de julho, os promotores apresentaram evidências de que a rede terrorista Al Qaeda teria utilizado os documentos fornecidos pelo soldado e, na última quinta-feira (25), declararam que ele sabia que inimigos dos EUA utilizavam essas informações.
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O major Ashden Fein, promotor militar, afirmou que Manning “liberou esses documentos chaves para serem utilizados pelo inimigo” e que seu objetivo não era “educar a sociedade”, como alegou a defesa, mas “fazer um nome”. O ex-analista de inteligência no Iraque nega ter colaborado com os adversários norte-americanos.
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As alegações finais da defesa e da acusação foram concluídas na sexta-feira (26) após oito semanas de audiências e o veredicto deve ser anunciado pela juíza Denise Lind amanhã, à uma da tarde no horário local, sem a presença de um júri, como foi pedido pelo próprio Manning. O soldado decidiu colocar seu caso nas mãos de uma única pessoa, em vez de um grupo de militares.
Outra decisão de Manning foi se declarar culpado de metade das acusações contra ele, todas consideradas mais leves, sem nenhum tipo de acordo com a promotoria, como costuma ocorrer. Entretanto, caso ele seja condenado apenas por essas acusações, pode ser sentenciado a um máximo de 20 anos na cadeia.
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A juíza Lind é responsável por interpretar um caso que pode estabelecer os fundamentos sobre o que pode ou não ser considerado “cooperação com o inimigo” e que também pode ajudar o governo norte-americano em sua tentativa de perseguir judicialmente o Wikileaks e seu fundador, Julian Assange.
Lind também deve abrir jurisprudência sobre se o vazamento de dados a uma organização como o Wikileaks, à qual todos podem ter acesso através da internet, é equivalente a fornecer informações a grandes veículos de comunicação, como os tradicionais The New York Times e The Washington Post. Nesse caso, a acusação de “ajuda ao inimigo” não se sustentaria.
O impacto do julgamento de Manning já pode ser sentido, por exemplo, no ex-consultor da CIA Edward Snowden, que chegou a declarar ao Guardian que parte da sua motivação para fugir dos EUA foi o tratamento agressivo recebido pelo soldado por parte dos militares e do governo.
O veredicto divulgado amanhã, no entanto, ainda pode ter inúmeras ramificações, não apenas para Manning ou indivíduos como Snowden, mas para o próprio exercício do jornalismo nos EUA. De acordo com o Guardian, inúmeros especialistas em mídia alertaram para a possibilidade de a condenação atrapalhar o funcionamento de jornais e agências de notícias, ao inibir possíveis fontes oficiais.