A Promotoria do Atacama, no norte do Chile, encerrou nesta quinta-feira (01/08), sem nenhum acusado, o caso dos 33 mineiros que, em 2010, ficaram presos durante 69 dias a 700 metros de profundidade depois de um colapso na mina de San José, onde trabalhavam. O motivo foi que não se “encontraram” evidências contra os donos da companhia que administra a mina.
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Depois de três anos de investigação, o Ministério Público determinou que não exisitiam antecedentes suficientes para continuar o inquérito contra os donos da companhia San Esteban, Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny, e nem as autoridades do Sernageomin (Serviço Nacional de Geologia e Mineração).
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Resgate de um dos 33 mineiros que permaneceram presos durante 69 dias a 700 metros de profundidade
Segundo o promotor regional do Atacama, Héctor Mella Farías, “adotou-se essa decisão de não continuar porque não havia convicção para formular uma acusação com respeito aos atos que foram investigados”. Ele ainda acrescentou que foram investigados “a situação que todo mundo sabe que ocorreu [o colapso] e o conhecimento das reclamações que haviam sido apresentadas, que tinham a ver com delitos de caráter oficial”.
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Durante o período em que os mineiros ficaram presos, de 5 de agosto de 2010 até 13 de outubro do mesmo ano, os familiares reclamaram do Sernageomin por não ter fiscalizado as condições de segurança da mina, que se encontrava nas mãos da empresa San Esteban.
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No momento do ocorrido, o Sernageomin possuía apenas três inspetores em toda a região do Atacama e, segundo informações do Ciper (Centro de Investigação Jornalística, na sigla em espanhol), apesar de ter dois trabalhadores mortos, dois amputados e 36 feridos em sete anos, a mina San José não interrompeu seu funcionamento.
Uma comissão do Congresso chileno havia declarado tanto os donos da companhia quanto o Sernageomin culpados pelo fato. Quando compareceu perante o Parlamento, Alejandro Bohn pediu desculpas pelo que havia acontecido e responsabilizou o Serviço de Geologia pela reabertura da mina, que havia sido fechada em 2007.
Segundo a advogada de Bohn e Kemeny, Catherine Lathrop, “a decisão de não continuar a que chega hoje o Ministério Público é uma amostra clara de que efetivamente os donos da mina San José não cometeram nenhum delito”. Lathrop disse também que “nós sempre sustentamos que, ainda que o ocorrido tenha sido um acidente lamentável, foi apenas isso, um acidente, e tampouco se pôde estabelecer que havia alguma responsabilidade dos meus clientes nesse caso”.