Atualizada às 19h45
O governo do Egito anunciou nesta quinta-feira (15/08) que deu instruções às forças de segurança do país para que seja utilizada munição real para enfrentar qualquer ataque contra as instituições públicas e os soldados da ordem. Com a medida, as Forças Armadas poderão atirar com armas de fogo contra os manifestantes contrários à deposição do presidente Mohamed Mursi.
Agência Efe
Mesmo com o massacre, milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra a deposição de Mohamed Mursi
Em comunicado, o Ministério do Interior apontou que tomou esta decisão “por conta dos ataques terroristas da Irmandade Muçulmana contra instituições e a polícia, suas tentativas de se apoderar de armas e a interdição de caminhos para semear o caos”.
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O governo divulgou também que as Forças Armadas vão atuar para que as leis sejam cumpridas “através de todos os meios para proteger o país e impedir agressões e ataques contra cidadãos e propriedades públicas”. Com este fim, o Ministério afirmou que equipou suas forças com “armas e munição necessária para se proteger de qualquer agressão”.
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O Conselho de Ministros egípcio emitiu um comunicado após uma reunião que manteve hoje, na qual manifestou sua decisão de “enfrentar os atos terroristas e de sabotagem realizados pelos Irmandade Muçulmana com toda a força”.
A Irmandade Muçulmana chamou hoje novos protestos contra o governo interino do Egito, um dia após o massacre durante a retirada de dois acampamentos da entidade no Cairo. Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 638 pessoas morreram e mais de 4.200 ficaram feridas, mas o número de vítimas não para de aumentar.
Por conta da situação, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu às pressas em Nova York para tratar da crise política que assola o Egito. Informações sobre a reunião, que foi solicitada por França, Reino Unido e Austrália, ainda não foram divulgadas.
A ONU também manifestou preocupação com as represálias aos cristãos que podem ocorrer no país através do assessor do secretário-geral Ban Ki-moon, Adama Dieng. Segundo a agência de notícias estatal Mena, membros da Irmandade Muçulmana teriam invadido e ateado fogo a uma igreja cristã em Fayum, ao sul do Cairo.
O governo do Egito anunciou ontem (14) que o país passará um mês sob estado de emergência. Segundo um comunicado do governo, pronunciado na TV estatal, a decisão foi adotada devido ao “perigo” que ameaça “a segurança e a ordem nos territórios do país”. O presidente Adly Mansour, encarregou as forças armadas, com a ajuda da polícia, de adotar as “medidas necessárias” perante a situação.
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Segundo informações da Agência Efe, o governo ressaltou que o toque de recolher, imposto na quarta-feira, será levantado de acordo como a situação de segurança evoluir. Depois de terem dito que atrasariam em duas horas o início do horário limite para permanecer na rua, as autoridades voltaram atrás e anunciaram que o toque de recolher funcionará das 19h às 6h.
O Executivo reiterou que está decidido a cumprir o plano de transição traçado depois do golpe militar que depôs o presidente islamita Mohamed Mursi e que estipula a realização de eleições presidenciais e parlamentares, assim como a reforma da Constituição.
Antes do gabinete se reunir, o primeiro-ministro, Hazem el Beblaui, se encontrou com o chefe do Exército, Abdel Fatah al Sisi, também titular da Defesa, e com o ministro do Interior, Mohammed Ibrahim.
(*) Com informações das agências internacionais