O diplomata brasileiro Eduardo Saboia, encarregado de negócios do Brasil em La Paz (cargo equivalente a embaixador interino), assumiu na noite deste domingo (25/08) em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, a responsabilidade de ter coordenado a operação que trouxe o senador boliviano Roger Pinto Molina ao país, realizada durante a última semana.
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Tudo teria ocorrido sem a anuência do Ministério das Relações Exteriores, que ontem (25) emitiu uma nota dizendo que convocou Saboia para Brasília para prestar esclarecimentos. “Não preciso de instruções específicas para situações de urgência”, justificou-se. O Itamaraty afirmou que não comentará as declarações.
Agência Efe (27/05/13)
O senador Roger Pinto Molina aparece em uma janela da embaixada brasileira em La Paz, sua residência durante 452 dias
Para Saboia, a decisão da saída forçada de Molina era necessária em razão “do risco iminente à vida e dignidade dos senador”. Um dos líderes da oposição a Evo Morales, Molina havia se refugiado em 28 de maio de 2012 na representação alegando ser perseguido politicamente pelo governo – ele enfrenta mais de 20 processos por crimes comuns na Bolívia, já tendo sido condenado em um deles. O Brasil aceitou seu pedido de asilo político e a Bolívia se recusava a conceder o salvo conduto para que ele pudesse cruzar a fronteira, gerando todo o impasse por 452 dias.
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Molina saiu da representação diplomática às 15h da sexta-feira (23), em um comboio de dois carros oficiais: o da frente era composto por fuzileiros navais e era responsável por fazer a segurança do outro veículo; o segundo trazia o senador e Saboia. Em uma viagem de 22 horas, foram percorridos 1.600 km até o destino final, em Corumbá (MS). De lá, Pinto Molina seguiu de avião para Brasília, onde foi recepcionado pelos senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) no domingo (25).
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Segundo Saboia, “havia uma violação constante, crônica de direitos humanos, porque não havia perspectiva de saída, não havia negociação em curso e havia um problema de depressão que estava se agravando. Tivemos que chamar um médico e ele começou a falar de suicídio, ele dizia constantemente que queria que nós o tirássemos de lá e advogados dele também dizendo isso”, afirmou o diplomata brasileiro.
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Ele culpou o Itamaraty por não se empenhar devidamente na questão, mesmo tendo pedido providências por duas vezes – ele diz ter pedido sua saída do cargo em razão do desgaste que a presença de Molina causava. Saboia disse que o MRE pediu para que ele não desse declarações logo que chegou ao Brasil com o político boliviano, mas que mudou de ideia após o órgão soltar uma nota mencionando seu nome.
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Resta agora saber a condição legal de Pinto Molina no Brasil. Segundo a ministra boliviana da Comunicação, Amanda Davila, se Pinto não está mais na Bolívia, ele deixaria de ter status de refugiado e passaria a ser considerado “foragido da Justiça, sujeito à extradição”.
Segundo ela, a ida do senador ao Brasil não afetará as relações com o vizinho. “As relações entre a Bolívia e o Brasil são mantidas em uma situação de absoluta cordialidade e respeito”, disse a ministra, numa conferência de imprensa no Palácio de Governo da Bolívia.
Ao chegar em Brasília, Pinto deu poucas declarações, mas também afirmou não saber qual será sua condição legal. “Espero que continue meu asilo, eu tenho asilo e espero que continue”, afirmou.