Agência Efe
O artista russo Konstantin Altunin, autor da pintura Travesti, em que retrata o presidente Vladimir Putin penteando os cabelos do primeiro-ministro Dmitri Medvedev, ambos vestidos com lingerie, deixou a Rússia para procurar asilo na França, segundo a diretora do museu onde o quadro foi exposto.
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Tatiana Titova, diretora do Museu do Poder, em São Petersburgo, anunciou a fuga de Altunin, que depois foi confirmada por Aleksandr Donskoi, proprietário da galeria. Donskoi primeiramente afirmou ao jornal russo Komsomolskaya Pravda que o artista havia ido para a Dinamarca com intenção de pedir asilo à França, mas, segundo o The Guardian, ele já está no país.
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“Ele tem medo de ser preso e por isso não quer voltar”, disse Donskoi, que foi obrigado, na segunda-feira (26/08), a fechar o museu por autoridades russas, que apreenderam Travesti e outros “quadros satíricos” de Altunin, incluindo um em que o líder da Igreja Ortodoxa Russa aparece coberto de tatuagens e outro em que Vitaly Milonov, um legislador anti-gay de São Petersburgo, segura uma bandeira de arco-íris.
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A polícia considerou as pinturas “extremistas”, mas não especificou quais leis elas violaram. Entretanto, é possível presumir pelo menos duas das regras infringidas: na Rússia, existe uma lei polêmica que proíbe a “propaganda homossexual” e outra que não permite insultos a figuras do Estado.
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Essa não é a primeira censura do tipo que acontece na Rússia. No último mês de junho, o Ministério da Cultura fechou uma exposição de arte que estava recebendo grande atenção sobre “o lado negro das Olimpíadas de Socchi”. O próprio Museu do Poder não se afastou da controvérsia ao se descrever como “o único museu dedicado às pessoas que nos governam”.
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Em sua página no VK Page (equivalente russo do Facebook), o museu chamou a apreensão de ilegal e reclamou que a polícia havia roubado dinheiro e materiais promocionais, além das pinturas. A galeria também pediu a seus seguidores que publiquem fotos e vídeos da exposição para ajudar a estabelecer no tribunal quais peças foram levadas.
Altunin, antes de fugir para a França, escreveu uma carta aos líderes do G20, que devem se reunir em São Peterburgo no início de setembro, pedindo a eles que discutam a censura com Putin e condenem a ação do governo contra artistas. No entanto, o pintor também já produziu “retratos satíricos” desses representantes também. “Espero que vocês não se ofendam”, ele escreveu na página do museu no VK Page.
Travesti não é a única pintura de Altunin mostrando Putin em roupas de baixo femininas. O artista, que tem outros quadros do tipo com o presidente russo em situações parecidas, também já usou como “modelo” o ex-líder comunista Leonid Brezhnev beijando outro homem e, recentemente, coloriu um busto de Lênin com as cores do arco-íris.
Agência Efe
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