Um tribunal egípcio baniu nesta segunda-feira (23/09) a Irmandade Muçulmana de conduzir quaisquer atividades no país e ordenou o confisco dos recursos do grupo. Com essa decisão, as Forças Armadas aprofundam uma campanha para enfraquecer o movimento islâmico do presidente deposto Mohamed Mursi. As informações são da agência de notícias estatais Mena.
“A corte bane as atividades da organização Irmandade Muçulmana e de sua organização não governamental, e todas as atividades que possa tomar parte e qualquer organização derivada dessas atividades”, proferiu o juiz Mohamed al Sayed.
A corte ordenou o governo a confiscar os fundos da Irmandade e administrar seus ativos congelados.
O governo apoiado pelo Exército promove a maior perseguição em décadas contra o grupo islâmico, que, por sua vez, diz contar com um milhão de membros. Forças de segurança mataram centenas de seus apoiadores e perseguiram outros milhares desde a deposição de Mursi pelo Exército em julho, após grandes manifestações contra seu governo.
A Irmandade venceu eleições parlamentares e presidenciais após a derrubada do antigo autocrata Hosni Mubarak, em 2011.
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A derrubada de Mursi pelo chefe do Exército, Abdel al Sisi, provocou uma crise política no país mais populoso do mundo árabe. A Irmandade insiste que houve um golpe militar para derrubá-la do poder.
A decisão do tribunal provavelmente vai levar mais membros da Irmandade para a clandestinidade e pode encorajar jovens islâmicos a pegarem em armas contra o Estado.
O veredito de hoje não é a única ameaça à existência legal do grupo islâmico, fundado há 85 anos. No início de setembro, um órgão de aconselhamento jurídico do governo egípcio já havia recomendado a dissolução da Irmandade Muçulmana com base em uma lei que proíbe a formação de grupos paramilitares por organizações não governamentais.
Na ilegalidade desde a década de 50, a entidade foi oficialmente registrada em março de 2013 como uma organização não governamental pelo Ministério da Segurança Social do Egito. O mesmo órgão também pediu o fechamento da sede da Irmandade, no distrito de Moqattam, no Cairo. O PLJ (Partido Justiça e Liberdade), braço político do movimento, também será afetado.