A encarregada de negócios dos Estados Unidos expulsa da Venezuela, Kelly Keiderling, negou nesta terça-feira (01/10) as acusações do governo de Nicolás Maduro de suposta conspiração e participação em sabotagens ao sistema elétrico. A diplomata afirmou que deixará o país nesta quarta, ao lado do vice-cônsul David Moo e da secretária da embaixada norte-americana Elizabeth Hoffman, também expulsos do território venezuelano.
“Se a acusação é que nos reunimos com venezuelanos, é verdade, nos reunimos com venezuelanos”, afirmou a funcionária durante coletiva de imprensa na sede da embaixada dos Estados Unidos em Caracas.
“[As acusações de conspiração] talvez demonstrem que não se entende muito bem o que é o trabalho essencial da diplomacia”, disse Keiderling. Segundo ela, esta atividade consiste em “entender o dia a dia destes grupos civis, empresariais, sindicais” por meio de reuniões, cujo conteúdo será mantido em caráter confidencial, a menos que estes grupos os tornem públicos. “Não importa muito a opinião que o governo tenha de nós”, disse, explicando que também tentou se reunir com representantes oficialistas e com o líder opositor Henrique Capriles.
Maduro acusou diplomatas expulsos de promover sabotagens com a oposição venezuelana. “Yankees go home, fora da Venezuela”, disse o chefe de Estado nesta segunda, afirmando que há provas de que os norte-americanos participavam de uma conspiração.
Agência Efe
Kelly Keiderling afirmou, em coletiva de imprensa, que os EUA não participaram de conspirações contra Venezuela
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Um vídeo transmitido em rede nacional de televisão nesta terça mostra fotos e recortes de jornais que evidenciam um encontro dos diplomatas com um prefeito opositor, e uma reunião em uma organização não governamental fundada por uma deputada, também da oposição. “Não vamos permitir que um governo imperial venha trazer dinheiro e ver como param as empresas básicas, como cortam a eletricidade para parar toda a Venezuela, o que é isso?”, questionou Maduro ao anunciar a expulsão.
Resposta
Sobre a resposta de Washington à expulsão dos diplomatas, a representante norte-americana afirmou que esta poderia ser “recíproca ou assimétrica”, e que ainda não tem informação sobre qual será a situação do encarregado de negócios da Venezuela nos EUA, Calixto Ortega.
Quanto às relações comerciais entre os EUA e a Venezuela, ela disse que seu governo “não controla os empresários”. “Não depende do governo dos Estados Unidos. O intercâmbio comercial continuará”, expressou. Segundo ela, Washington “sempre” terá disposição para o diálogo com a Venezuela, já que teria interesse na luta em conjunto contra o narcotráfico e contra o “terrorismo”.
Mais cedo, a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jen Psaki, afirmou que, segundo a convenção de Viena sobre relações diplomáticas, o governo americano “pode tomar ações recíprocas”, embora “ainda” não tenha “considerado que ações” seriam essas. No entanto, ela fez questão de reiterar que os EUA “rejeitam completamente sua participação em qualquer conspiração para desestabilizar o governo venezuelano”.