Em entrevista coletiva nesta terça-feira (08/10), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou a apelar para que o Congresso reabra o governo, paralisado há oito dias, e alertou para o perigo de não se elevar o teto da dívida norte-americana. Segundo ele, a inadimplência dos EUA seria “dramaticamente pior” que o fechamento.
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“Agora, assim que o Congresso votar para reabrir o governo, também tem de votar para cumprir as obrigações financeiras do nosso país, pagar nossas contas, elevar o teto da dívida. Mesmo que o fechamento seja muito imprudente, uma paralisação econômica causada pela inadimplência dos EUA seria dramaticamente pior”, afirmou Obama.
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O presidente afirmou que economistas classificam a falta de pagamento dos Estados Unidos como “insana, catastrófica, caos” e citou o investidor Warren Buffett, que comparou a inadimplência a uma bomba nuclear, “uma arma horrível demais para ser usada”, nas palavras de Obama.
Agência Efe
Obama pediu desculpas aos norte-americanos pela paralisação e voltou a pedir aos republicanos que reabram o governo
O chefe de Estado norte-americano declarou que “fica nervoso” quando líderes estrangeiros escutam republicanos dizendo que a inadimplência seria “ok”. “Isso é irresponsável. Está fora da realidade, baseado em uma análise falha de como a nossa economia funciona”, disse, em resposta a um jornalista. Obama enfatizou que, “se o Congresso se recusar a elevar o teto da dívida, os EUA não serão capazes de cumprir todas as suas obrigações financeiras pela primeira vez em 225 anos”.
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Obama disse ainda que não vai negociar a elevação do teto da dívida, porque isso “deve ser tratado de uma maneira razoável”. Mais cedo, o presidente da Câmara, John Boehner, havia criticado o democrata afirmando que “nunca houve um presidente em nossa história que não negociasse o teto da dívida”. “A maneira de resolver isso é sentar e conversar sobre nossas diferenças”, acrescentou.
A elevação temporária do teto da dívida pode não ser descartada por Obama. “Se eles [republicanos] quiserem fazer isso, reabrir o governo, elevar o teto da dívida… Se não puderem fazer isso por um longo tempo, façam pelo tempo que durarem essas negociações”, indicou.
Paralisação
“Vamos parar com as desculpas. Vamos fazer uma votação na Câmara e acabar com esse fechamento agora”, insistiu Obama. “Eu vou negociar com qualquer um de qualquer partido. Já me mostrei disposto a ir mais do que até a metade nessas conversas”, acrescentou. Apesar disso, ele disse que não aceitará as propostas da Câmara para financiar partes do governo, porque, assim, programas necessários, mas pouco divulgados, não seriam financiados.
Obama também pediu desculpas “ao povo norte-americano” pelas recorrentes crises orçamentárias que ocorrem “a cada três meses”. Ele rejeitou a proposta de um “supercomitê” com representantes da Câmara e do Senado, feita por republicanos, para discutir o orçamento, dizendo que o sistema atual “tem funcionado razoavelmente bem pelos últimos 50 anos”.
De acordo com Obama, os problemas de Washington estão prejudicando a credibilidade dos Estados Unidos no exterior. Ele lembrou que um acordo de livre-comércio do Pacífico poderia ter sido avançado se ele não tivesse sido obrigado a cancelar sua viagem à Ásia nesta semana. Mesmo assim, o presidente afirmou: “Tenho certeza de que os chineses não se importam que eu não esteja lá agora”.