Análise feita por especialistas russos de amostras do corpo de Yasser Arafat excluiu a tese de envenenamento por polônio 210, substância que não foi encontrada, afirmou nesta terça-feira (15/10) o chefe da agência federal de análises biológicas citado pela Interfax. Ontem, relatório de especialistas suíços publicado na revista especializada The Lancet confirma a hipótese de que o líder palestino foi contaminado após análises dos pertences de Arafat.
Efe
Possibilidade de envenenamento de Yasser Arafat foi evocada em julho de 2012, após documentário da Al Jazeera
O polônio-210 é uma substância altamente radioativa e que já foi utilizada em 2006 para assassinar o opositor russo Alexander Litvinenko. Arafat, fundador da Organização para a Libertação da Palestina e vencedor do prêmio Nobel em 1994, faleceu em um hospital militar próximo a Paris no dia 11 de novembro de 2004, após várias semanas de agonia em Ramala.
“Ele não pode ter sido envenenado por polônio. Os experts russos que fizeram a análise (das amostras) não encontraram nenhum traço desta substância”, declarou o chefe da agência russa, Vladimir Ouïba. Ele afirmou que os especialistas russos informaram regularmente o ministério das Relações Exteriores do avanço das investigações.
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O artigo da The Lancet, citando resultados de uma análise feita por especialistas suíços que teriam encontrado traços de polônio 210, relançou a tese de envenenamento do líder palestino morto em 2004 no hospital militar francês de Percy, nos arredores de Paris.
A hipótese havia sido evocada em julho de 2012 com a exibição de um documentário da rede de televisão Al-Jazeera afirmando que traços de polônio haviam sido encontrados por experts suíços em objetos pessoais de Arafat como roupas íntimas, escova de dente, roupas esportivas e até gorros. Eles lembraram que os resultados clínicos no momento de sua morte não excluíram o envenenamento por polônio 210. Ainda são aguardas conclusões oficiais de três análises científicas de franceses, suíços e russos.
Justiça
Depois da exibição do documentário, a viúva do líder palestino, Souha Arafat, prestou queixa na justiça francesa que na época havia decidido pela exumação do corpo do líder palestino, o que foi efetuado em novembro de 2012. Cerca de 60 amostras foram divididas para serem analisadas por três equipes de investigadores suíços, russos e franceses. Cada equipe trabalha individualmente, sem contato com os testes efetuados por outro grupo de especialistas.
Muitos palestinos acusam Israel de ter envenenado Arafat, mas o governo israelense nega qualquer responsabilidade na morte do líder palestino. Arafat morreu no dia 11 de novembro de 2004, aos 75 anos. Ele foi transferido ao hospital militar de Percy após sofrer de dores abdominais em seu QG de Ramallah onde vivia confinado pelo exército israelense. O relatório do hospital indicou uma inflamação intestinal e problemas de coagulação, mas sem elucidar as causas de sua morte.
* Com informações da Agência Efe e RFI