O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, defendeu nesta sexta-feira (25/10) o trabalho dos serviços de inteligência em geral – e os de seu país, em particular – e afirmou que as revelações do ex-técnico da CIA Edward Snowden sobre as atividades de espionagem americanas “tornam o mundo mais perigoso”. A afirmação foi feita ao final da reunião de cúpula dos chefes de Estado da União Europeia, em Bruxelas.
“O que Snowden fez efetivamente e o que alguns jornais o ajudam a fazer é tornar muito mais difícil a proteção de nossos países e de nossa população”, opinou Cameron. As revelações sobre as atividades da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, disse, “não ajudarão a tornar o mundo mais seguro, vão torná-lo mais perigoso”.
De acordo com Cameron, “existe muita gente no mundo que quer prejudicar nossos países”, e o ex-técnico da CIA “disse para essas pessoas como evadir e evitar nossos sistemas de inteligência”.
Agência Efe
Para primeiro-ministro britânico, revelações de Snowden tornaram o mundo “mais perigoso”
Ele evitou se pronunciar sobre o trabalho dos serviços britânicos de inteligência, embora tenha afirmado que, no caso do Reino Unido, os órgãos operam “na legalidade” e “sob o controle adequado” do Parlamento.
“Não comento os assuntos dos serviços de inteligência. Todos os países os têm, mas não nos pronunciamos sobre eles”, disse Cameron, que acrescentou que apoiará “sempre seu trabalho e criticará os que tornarem isso público”.
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Para o primeiro-ministro do Reino Unido, os países “devem optar” entre manter sistemas de inteligência e segurança “devidamente financiados e devidamente governados e que utilizam as técnicas mais modernas para coletar informações” ou “deixar de ter estes sistemas”.
Espanha e Alemanha
Após a revelação de que pelo menos 35 chefes de Estado teriam sido espionados pelos EUA, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, ordenou a convocação do embaixador dos Estados Unidos em Madri, James Custos, para esclarecer a suposta espionagem dos EUA em direção à Espanha. (24/10).
“Justamente para esclarecer este assunto é que pedi para Margallo convocar o embaixador americano”, explicou Rajoy, quem considerou que a espionagem não cabe entre países “amigos e aliados”.
A Alemanha fez o mesmo na quinta-feira. O ministro de Relações Exteriores do país, Guido Westerwelle, se reuniu com o embaixador norte-americano em Berlim, John B. Emerson, e exigiu explicações sobre o possível monitoramento dos EUA ao celular da chanceler Angela Merkel. Os alemães e os franceses anunciaram que tentarão um acordo bilateral para interromper as escutas.
“Escutas de parceiros próximos não são de nenhuma maneira aceitáveis. Estranhamos [a ação] profundamente. Quem confia um no outro não faz escutas. (…) Esperamos, finalmente, que seja dada uma explicação completa e honesta deste caso. Todas as cartas devem estar sobre a mesa”, afirmou Westerwelle.
Segundo o jornal Die Welt, a Agência Nacional de Segurança (NSA) americana só teria tido acesso ao antigo telefone celular de Merkel – um aparelho que ela utilizou de 1999 até o último mês de julho. A chanceler usa um smartphone desde então.
O número desse telefone, acrescenta o jornal, aparece nos documentos do ex-analista da NSA Edward Snowden, que vive refugiado na Rússia após revelar o programa de espionagem em massa dos EUA e pedir asilo em Moscou.