Bill de Blasio, do Partido Democrata, venceu de forma contundente a eleição para prefeito de Nova York, realizada nesta terça-feira (05/11). O defensor público, 52 anos, alcançou 73,3% dos votos contra apenas 24,3% do republicano Joe Lhota, com quase todas as urnas apuradas. A vitória é considerada por cientistas políticos e pela mídia norte-americana como “avassaladora”.
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Agência Efe
Vencedor da eleição, Bill de Blasio promete projeto progressista para Nova York
Militante de esquerda nos anos 80, Blasio substituirá Michael Bloomberg, colocando o seu partido de volta ao poder de uma das maiores cidades do mundo. O último prefeito democrata de Nova York foi David Dinkins, que deixou o cargo em 1993.
O democrata baseou sua campanha na crescente desigualdade econômica e na falta de oportunidades dos habitantes menos favorecidos da cidade, na qual quase metade da população está abaixo ou muito pouco acima do limite da pobreza. Por sua promessa de agenda progressista, conservadores chegaram durante a campanha a classificar de Blasio como “comunista”.
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Bill de Blasio ganhou popularidade ao se apresentar como um representante mais à esquerda do Partido Democrata, enfatizando a ruptura com a administração atual de Michael Bloomberg. Sua plataforma esteve centrada no combate à desigualdade econômica e social entre os moradores da cidade.
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Entre as principais propostas, estão o aumento de impostos dos ricos para serem aplicados na educação, em especial na expansão de vagas em creches, além da construção de 220 mil moradias populares. Ele também defendeu a adoção de feriados em datas muçulmanas nas escolas, proposta também corroborada por seu principal rival, o republicano Joe Lotha.
Blasio propôs também o fim da política de segurança conhecida como “stop and frisk” (pare e reviste), que dá mais poderes à polícia para interrogar e revistar pessoas nas ruas – a medida é defendida pela ala mais conservada como responsável pela queda de criminalidade da cidade, mas, seus opositores a consideram discriminatória.
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Considerado um azarão no início do ano durante as primárias democratas, ele alavancou sua candidatura, em parte, graças à família. É casado há 19 anos com a poeta Chirlane McCray, de 58 anos, conhecida pela atuação militante na organização radical de feministas e lésbicas negras Combahee River Collective, na década de 1970.
A participação de Dante, um de seus dois filhos na campanha, também foi considerada crucial, quando afirmou em uma mensagem publicitária que somente seu pai seria capaz de mudar a tática da polícia. Após essa inserção, De Blasio passou a liderar as pesquisas já na fase de pré-candidatura.
Apoio ao movimento sandinista
Um dos momentos mais marcantes da carreira política de Bill de Blasio aconteceu em 1988, quando o novo prefeito de Nova York visitou a Nicarágua para entregar ajuda de uma organização de esquerda dos EUA. Naquela época, De Blasio tinha 26 anos e o governo sandinista nicaraguense enfrentava uma guerrilha apoiada pela administração de Ronald Reagan (1981-1989).
Após voltar da visita ao país, o novo prefeito manteve seu respaldo aos sandinistas colaborando com um grupo chamado Rede de Solidariedade com a Nicarágua, embora depois tenha se desvinculado progressivamente. Segundo de Blasio, ele estava desencantado pela maneira como os sandinistas tratavam oposição e imprensa.
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De Blasio também passou parte de seu lua-de-mel em Cuba, em violação da proibição de viajar ao país que então existia nos Estados Unidos. No plano pessoal, De Blasio se chamava inicialmente como seu pai, Warren Wilhelm, mas mudou de sobrenome porque foi criado pela mãe, Maria de Blasio, e sua família de imigrantes italianos. “Bill” é como sempre o chamavam carinhosamente em casa.