Os três dias de negociações intensas entre as principais potências mundiais e o Irã, em Genebra, terminou sem acordo sobre o futuro do programa nuclear iraniano, após a França bloquear uma medida provisória que previa concessões para as duas partes do diálogo.
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O grupo intitulado de P5+1, composto por Rússia, EUA, França, Reino Unido e China, membros-permanentes do CSNU (Conselho de Segurança das Nações Unidas), mais a Alemanha, concordou em realizar uma nova discussão no dia 20 de novembro, com a presença de chefes de diplomacia das potências e do Irã.
Agência Efe
Catherine Ashton e Mohammad Javad Zarif se mostraram satisfeitos com resultado de negociação
“Muitos progressos concretos foram alcançados, mas diferenças permanecem”, afirmou Catherine Ashton, chefe da política externa da União Europeia, que tem mandato para negociar com Teerã em nome do P5+1. Quando questionada sobre a posição francesa, Ashton afirmou à imprensa internacional que todas as partes tinham desempenhado um importante papel na negociação.
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O tom do discurso da chefe de política externa da União Européia se manteve no pronunciamento do Ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif.
Zarif disse ser natural encontrar diferentes pontos de vista na hora de examinar os detalhes do acordo. “Mas estamos trabalhando juntos e esperançosos de que seremos capazes de chegar a um acordo quando nos encontrarmos de novo”, afirmou.
Oposição Francesa
No entanto, nos bastidores da negociação, representantes de outros países se mostraram irritados com a atitude da França, a quem acusaram de revelar detalhes e resultados do encontro a jornalistas antes da conferência de imprensa oficial, realizada ao final do evento.
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Agência Efe
“Não posso dizer se há alguma certeza que possamos concluir [o acordo]”, afirmou Laurent Fabius, Ministro das Relações Exteriores da França, à emissora francesa Inter Radio após deixar a sala de reuniões na manhã deste sábado (09/11).
[Laurent Fabius, Ministro das Relações Exteriores da França]
Fabius alegou ainda que Paris não aceitaria um “jogo de tolos”, fazendo menção à proposta de medida provisória que delimitava o relaxamento das sanções contra o Irã em troca da interrupção total ou parcial de elementos do programa nuclear do país.
Segundo o Ministro, a medida teria sido formulada apenas pelos Estados Unidos em comunhão com o Teerã e apresentada como um fato consumado, o que teria provocado a oposição francesa.
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Oficiais do Irã ressaltaram que a proposta de acordo foi estabelecida em colaboração íntima com representantes ocidentais, e que a França estria barrando as possibilidades de progresso das negociação, ao dividir o P5+1. Outros enviados ocidentais acusaram a França de sabotar o pacto por agir em colaboração com Israel, que já se pronunciou extremamente contrário à qualquer possibilidade de acordo.
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Fabius também afirmou que um dos pontos chave de sua resistência foi a operação do reator iraniano na cidade de Arak, cujas obras serão concluídas em 2014, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
O Irã aponta que o objetivo do reator é gerar isótopos que serão utilizados para fins medicinais. No entanto, o resíduo da produção de tais matérias pode ser utilizado para fabricação de bombas, representando uma alternativa ao enriquecimento de urânio. Diante disso, algumas potências ocidentais exigiram que a construção do reator seja interrompida, enquanto Israel ameaçou bombardear o equipamento antes que ele inicie suas operações.
Reação Iraniana
Neste domingo (10), Hassan Rouhani, presidente da República Islâmica do Irã, se pronunciou sobre o programa nuclear de seu país, assinalando que seu país não se curvaria perante ameaças de nenhuma autoridade. “Não iremos responder à nenhuma ameaça, sanção, humilhação ou discriminação”, afirmou.
“Para nós existem linhas vermelhas que não poderão ser cruzadas. Interesses nacionais são estas linhas vermelhas, que incluem nossos direitos perante as regulamentações internacionais e o enriquecimento de urânio no Irã”, concluiu o presidente.