Para o secretário de Estados dos Estados Unidos, John Kerry, os líderes mundiais foram “compreensivos em relação aos episódios de espionagem realizados pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos), assim como entenderam que nem todas as ações empreendidas por esse órgão são ordens do presidente Barack Obama”. Kerry concedeu uma entrevista, publicada nesta terça-feira (12/11) no site da rede estatal britânica BBC, onde também elogiou os avanços nas negociações multilaterais sobre o programa nuclear iraniano.
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Perguntado sobre as reações dos chefes de Estado a respeito das revelações de espionagem norte-americanas, cujos alvos foram vários lídere e políticos de alto escalão de diversos países, incluindo aliados dos EUA, Kerry disse que eles “foram muito respeitosos, muito compreensivos” em suas reações. “Nós todos estamos tentando encontrar uma saída que [ao mesmo tempo] respeite a privacidade, os direitos, que lute contra o terrorismo e que não interfira na vida das pessoas”, afirmou.
Agência Efe
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em viagem a Abu Dhabi
Desde o mês de junho, informações vazadas pelo ex-agente norte-americano Edward Snowden revelaram uma série de ações da NSA – que incluíram espionar chefes de Estado como a presidente brasileira Dilma Rousseff, e grampos no telefone celular da chanceler alemã Angela Merkel. Segundo Kerry, nenhuma ação relacionada a esses casos foi ordenada por Obama.
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Ele reconheceu, no entanto, que os países têm “dúvidas legítimas” sobre a extensão da vigilância da NSA sobre linhas telefônicas e a internet, repassadas por Snowden a jornais como o Guardian e o Washington Post.
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As revelações levaram a protestos dos líderes europeus, mais contundentes por parte de Merkel, e chegaram a fazer com que Dilma Rousseff cancelasse uma visita de Estado aos EUA além de um protesto explícito em discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Kerry disse à BBC que “o presidente pediu uma revisão total do que estamos fazendo. As pessoas entendem que o presidente não ordenou tudo isso, e que isso ocorreu por um período muito longo, foi um processo evolutivo. Nós agora precisamos definir mais precisamente [nossas ações] e foi isso que o presidente pediu para ser feito”.
Programa nuclear
Sobre a questão nuclear iraniana, o secretário de Estado afirmou que as negociações iniciadas no último final de semana chegaram “muito, muito perto de um acordo”. “Acredito que estamos separados por quatro ou cinco formulações de alguns conceitos particulares, mas nada tão terrível que possa impedir que cheguemos a um acordo”.
A verdade é que nós tínhamos uma unidade no sábado, em uma proposta colocada de forma bem direta aos iranianos. Mas, em razão de algumas modificações, eles acreditaram que deveríamos voltar atrás e mudar a proposta. O ponto crítico – e que precisa ficar absolutamente claro para o mundo – é que [esse programa] não trata de armas nucleares. Eles precisam entender que existe um padrão pelo qual devem fazer algumas concessões. Dialogamos mais naquelas 38 horas [de reunião] do que nos últimos 30 anos”, afirmou.