A Comissão Europeia confirmou nesta quarta-feira (13/11) a abertura de uma investigação sobre o superávit alemão, originado do sucesso das exportações do país com a maior economia dentro da União Europeia. Segundo a Comissão, o modelo de exportações da Alemanha pode prejudicar a frágil recuperação econômica da UE e faz pouco para reduzir o desemprego crescente.
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As autoridades europeias sublinharam que a decisão não é uma crítica à competitividde da economia alemã, mas tem como objetivo identificar de forma precoce desequilíbrios macroeconômicos nos Estados membros da UE que sejam capazes de desestabilizar o euro. Luxemburgo e Croácia também foram adicionados à lista dos países que devem passar por investigação.
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O presidente da CE, José Manuel Barroso, afirma que o problema é que os países europeus não estão no mesmo nível da Alemanha
No caso, a Alemanha é vista como excessivamente dependente de exportações, preterindo o aumento da demanda interna, o que seria mais benéfico para a zona do euro e seus parceiros comerciais. Nos últimos três anos, o superávit alemão rondou os 7% do PIB (Produto Interno Bruto), o que está acima do limiar de 6% do PIB, a partir do qual o índice passa a ser considerado potencialmente problemático para a zona do euro e obriga Bruxelas a analisar suas causas.
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O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, enfatizou que a abertura da investigação “não significa que haja um desequilíbrio” macroeconômico. A conclusão só será anunciada na primavera do ano que vem (outono no hemisfério sul), quando Bruxelas decidirá se há ou não a necessidade de emitir uma recomendação formal para o governo da Alemanha, pedindo que sejam tomadas medidas para corrigir a situação, do mesmo modo como ocorre com países cujos déficits sejam maiores que 4% do PIB.
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Barroso afirmou que o problema para a Europa não é que a Alemanha seja competitiva, mas sim que os outros países estejam “longe desse nível de competitividade”. “Gostaríamos de ter outras Alemanhas na Europa. O nosso problema nunca será a competitividade da Alemanha, mas, se a Alemanha, enquanto motor econômico da União Europeia, pode fazer mais”, completou.
O “fazer mais”, no caso, seria tomar medidas como estabelecer um salário mínimo e aumentar o investimento público: desse modo, o superávit se reduziria sem que a Alemanha diminuísse as exportações, porque a demanda interna aumentaria e, com ela, também o nível de importações. Nesse contexto, as indústrias também venderiam mais dentro de suas próprias fronteiras.
Apreciação da moeda
O maior perigo do superávit da Alemanha é a apreciação do euro. O excedente alemão, resultante de uma elevada taxa de poupança com baixos níveis de investimento, pode ter como consequência a valorização do euro em relação a outras moedas.
A perspectiva de que o euro se valorize é considerada uma catástrofe para os países do sul da Europa, exceto a França, que precisam se apoiar nas exportações para melhorar a economia, o que será dificultado se a moeda ficar mais cara. A Comissão Europeia reconhece que uma apreciação do euro “tornará mais difícil para os países periféricos recuperar competitividade através de desvalorizações internas”.
A Alemanha tem recebido críticas, inclusive dos Estados Unidos, de que não tem feito o suficiente para ajudar a economia global e a europeia. Berlim, por sua vez, refuta os comentários, afirmando que todos podem se beneficiar de seu sucesso. Hoje, o Conselho Alemão de Especialistas em Economia voltou a atacar “as medidas que prejudicam o crescimento e a criação de emprego, como os salários mínimos e o aumento de impostos”.