O primeiro-ministro da Ucrânia, Nikolai Azarov, afirmou nesta segunda-feira (02/12) que a situação do país por causa dos protestos de opositores em Kiev está “fora de controle”. Os manifestantes exigem a saída do presidente, Viktor Yanukovich, que, na semana passada se recusou a assinar um acordo comercial com a União Europeia.
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“O governo tem informação de que está sendo preparado o ataque ao edifício do Parlamento”, disse Azarov em reunião realizada hoje com embaixadores da UE (União Europeia), Estados Unidos e Canadá, segundo a imprensa local.
Agência Efe
Manifestantes constroem barricada na Praça da Independência, em Kiev, na madrugada de hoje
Azarov disse ainda que os protestos passaram a ser “grandes e descontrolados ou mais bem dirigidos por determinadas forças políticas”. “Estas forças políticas têm a ilusão de que podem reverter a ordem estabelecida”, acrescentou o primeiro-ministro. “Isto tem todos os sinais de um golpe de Estado. Isso é muito grave. Nós mostramos paciência, mas quisemos que nossos parceiros não sentissem que há permissividade”.
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Segundo Azarov, os manifestantes utilizam métodos “totalmente ilegais: dirigem o povo a atacar os edifícios oficiais, a bloquear o trabalho das instituições e dão ultimatos. Esse caminho não leva a lugar algum”.
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O líder ucraniano ainda pediu ajuda aos embaixadores para que seus países influenciem os opositores a não usar a força para protestar contra o governo. Ele informou também que o chefe da polícia de Kiev, Valeri Koriak, foi demitido após o violento despejo dos manifestantes acampados na Praça da Independência na madrugada de sábado (30/11).
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“Isso não é uma revolução”
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje que os protestos que tomaram conta das ruas de Kiev, capital da Ucrânia, não são uma revolução, mas um “pogrom”, termo russo para atos de violência em massa, espontâneos ou premeditados.
“Isso me lembra mais um pogrom do que uma revolução”, disse Putin a jornalistas em uma visita à Armênia. “Isso não é uma revolução, mas um protesto muito bem preparado que, na minha opinião, não estava pronto para hoje, mas para a campanha eleitoral presidencial [da Ucrânia] em março de 2015”, continuou.
“Essa é uma tentativa de abalar os atuais e, quero enfatizar, legítimas autoridades do país”, afirmou o presidente russo. Segundo ele, as manifestações “têm pouco a ver com as relações entre a Ucrânia e a UE”. O líder do Kremlin manifestou ainda sua esperança de que “a situação em Kiev se estabilize” e reforçou que a “Rússia apoiará qualquer escolha da Ucrânia, seja qual for”.
Para Putin, os manifestantes eram “grupos militantes muito bem preparados e treinados”, sugerindo que elementos externos tenham sido envolvidos no treinamento das pessoas que participaram dos protestos, a mesma acusação que fez contra os participantes da chamada “Revolução Laranja”, que anulou uma eleição fraudada na Ucrânia há nove anos.
Agência Efe
Manifestantes fazem fogueira improvisada para se aquecer em Kiev. Primeiro-ministro diz que protestos têm “sinais de golpe de Estado”
Estas foram as primeiras declarações de Putin sobre a Ucrânia depois da cúpula da Associação Oriental, realizada na sexta-feira (29/11) em Vilnius, durante a qual Yanukovich rejeitou assinar o Acordo de Associação com a União Europeia.
Moção de censura
Os grupos opositores da Ucrânia devem apresentar nesta terça (03) no Parlamento do país uma moção de censura ao governo, pela renúncia ao acordo com a UE e a repressão aos protestos populares.
“A moção de censura deve ser o primeiro ponto da ordem do dia”, disse hoje o líder do grupo parlamentar do partido opositor Batkivschina (Pátria), Arseni Yatseniuk, em reunião do Conselho de Conciliação do Legislativo, que contou com a presença do vice-primeiro-ministro, Serguei Arbuzov.
O presidente do Parlamento, Vladimir Ribak, afirmou que todas as propostas apresentadas na reunião de hoje serão abordadas na sessão plenária de amanhã. “Tanto a maioria, como a oposição, têm posturas definidas e amanhã poderão discutir na plenária do Parlamento”, disse Ribak, citado pela imprensa local.
“Se os deputados não apoiam a destituição do Gabinete de Ministros significará que respaldam as surras aos estudantes, significará que respaldam o que ocorreu ontem à noite”, disse Yatseniuk à imprensa na saída da reunião do Conselho de Conciliação.