Atualizada às 14h58
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, adiantou para esta quarta-feira (08/01) uma reunião com todos os governadores e prefeitos das 79 cidades com maiores índices de criminalidade do país para discutir políticas de segurança. O encontro que, segundo Maduro, estava previsto para a próxima semana, será realizado agora após um crime comover os venezuelanos: na noite da última segunda, a ex-miss Mónica Spear, de 29 anos, e seu ex-marido de origem britânica, Thomas Berry, de 39 anos, foram assassinados em uma estrada que conecta as cidades de Puerto Cabello e Valencia, no estado de Carabobo.
Agência Efe
Mónica Spear e o marido foram abordados enquanto o seu carro era guinchado
Segundo o diretor do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas, José Gregorio Sierralta, o carro em que o casal viajava com a filha de cinco anos se acidentou devido a um “objeto contundente” colocado na pista. De acordo com ele, no momento em que o automóvel foi colocado em um guincho, eles foram abordados por homens armados que dispararam contra o carro. Os corpos do casal foram encontrados no interior do veículo. A filha do casal, que acabou ferida por uma bala, foi transferida a um centro médico e tem o estado de saúde “estável”.
A ex-miss residia nos Estados Unidos e fazia uma viagem pela Venezuela para comemorar a reconciliação com ex-marido, segundo a imprensa local. De acordo com as autoridades venezuelanas, cinco pessoas foram detidas preventivamente pelo crime, que fez com que artistas, esportistas e diversos líderes políticos se manifestassem durante todo o dia de ontem, condenando o assassinato e expressando solidariedade às famílias das vítimas.
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O ministro de Interior, Justiça e Paz do país, Miguel Rodríguez Torres, afirmou nesta terça que os organismos de segurança estão realizando investigações para identificar os responsáveis pelo crime e prometeu aplicar “todo o peso da lei para os que pretendam continuar delinquindo”. Ele anunciou que haverá mudanças estruturais na formação policial e pediu que a luta contra a delinquência envolva toda a sociedade.
Agência Efe
Maduro durante reunião sobre segurança nesta terça; hoje o assunto também está na sua agenda
As declarações de Torres foram feitas após uma reunião entre Maduro e representantes do Movimento pela Paz e pela Vida. Em declarações transmitidas pela televisão estatal, Maduro afirmou que o crime é “um golpe para todos”. “Eu assumo minha responsabilidade ao máximo”, expressou o presidente. O chefe de Estado definiu o crime como um “massacre” e pediu que este não seja utilizado politicamente.
Em meio à comoção, o governador do estado venezuelano de Miranda, Henrique Capriles, expressou, em seu Twitter, solidariedade à família e amigos do casal e afirmou que “todos” os venezuelanos perderam “alguém muito querido pela violência e que dói mais ver que a cifra de criminalidade aumenta e o país se acostuma a isso”. Por meio da rede social, o líder opositor ainda propôs ao presidente “colocar de lado” as profundas diferenças entre ambos para se unir “contra a insegurança em um só bloco”.
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O prefeito do distrito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, por sua vez, afirmou que o país deveria declarar estado de “emergência nacional” pela insegurança. Em dezembro, a organização Observatório Venezuelano da Violência estimava que 2013 terminaria com cerca de 24,7 mil mortes violentas no país, com uma taxa de 79 assassinatos por 100 mil habitantes.
Para o ministro do Interior, no entanto, a cifra divulgada pela organização não governamental tem “intenção política”. Em declarações à imprensa realizada nos últimos dias do ano passado, afirmou que em 2013 o índice de homicídio no país foi reduzido em 17,3%, e que a taxa oficial é de 39 para cada 100 mil habitantes. Rodríguez Torres reconheceu, no entanto, que a quantidade “não é a ideal” e afirmou que a prevenção contra a criminalidade seria fortalecida.