A Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou nesta quinta-feira (16/01) ações efetivas do Vaticano contra casos de pedofilia na Igreja. Representantes do clero estiveram hoje frente a membros das Nações Unidas e admitiram que houve registros de abusos “todas as profissões, inclusive entre membros do clero”
“A Santa Sé não estabeleceu nenhum mecanismo para investigar os acusados de realizar abusos sexuais, nem tampouco para processá-los”, afirmou Sara Oviedo, membro do Comitê dos Direitos da Criança do órgão. “O exemplo que a Santa Sé precisa dar deve assentar um precedente. Tem de marcar um novo enfoque”, disse, de acordo com a AFP.
Agência Efe
Monsenhor Silvano Tomasi, chefe da delegação do Vaticano, assume casos de abuso em comitê da ONU
Chefe da delegação enviada pelo Vaticano, o monsenhor Silvano Tomasi reconheceu que a questão dos abusos contra crianças é particularmente grave quando se trata de pessoas que gozam de uma grande confiança e tem como missão proteger os seres humanos.
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Inúmeros escândalos de abusos sexuais foram minimizados nos últimos tempos pela alta hierarquia católica. “O Vaticano delineou políticas e procedimentos para ajudar a eliminar tais abusos e colaborar com as autoridades locais para lutar contra este delito”, declarou Tomasi. Comprovados os casos de abusos de menores, as autoridades da Igreja punirão o crime, aplicando-se as leis do país onde ocorreu.
O papa Francisco, por sua vez, durante missa matinal nesta quinta, afirmou que a Igreja Católica precisa assumir sua “vergonha” diante dos casos.
“Mas, nos envergonhamos? Tantos escândalos que eu não quero mencionar isoladamente, mas que todos sabemos quais. Escândalos, nos quais alguns tiveram que pagar caro (…) a vergonha da Igreja!”, exclamou o pontifície argentino, durante a tradicional missa matutina realizada em sua residência. Para ele, os responsáveis “não tinham uma relação com Deus. Tinham um posição na Igreja, uma posição de poder, e também de comodidade, mas não a palavra de Deus.”
Investigações
Ao mesmo tempo, o Vaticano negou que tenha atrapalhado investigações dos casos de pedofilia. “Esta denúncia me parece um pouco privada de fundamento”, afirmou Tomasi à Rádio Vaticano.
“A Santa Sé apoia o direito e o dever de cada país de julgar os crimes contra os menores. A crítica de que está tentando interferir, obstruir, não se sustenta. Pelo contrário, queremos que haja transparência e que a Igreja siga seu curso”, disse.