Duas décadas depois do genocídio que matou mais de meio milhão de pessoas em Ruanda, a França dá início ao primeiro julgamento de um réu do massacre em seu território. Pascal Simbikangwa, 54, ex-chefe de inteligência, vai responder à Justiça por cumplicidade na prática dos crimes de guerra. O réu, que negou todas as acusações judiciais feitas contra ele, poderá pegar a pena de prisão perpétua, caso seja condenado pela corte.
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Programado para durar pelo menos sete semanas, o julgamento terá a participação de 50 testemunhas, que descreverão a suposta atuação do ex-militar à frente dos extremistas hutus em 1994.
Ao comparecer ao primeiro dia do aguardado julgamento em Paris nesta terça-feira (04/02), o réu identificou-se perante a corte como “Pascal Safari”, uma mistura do seu nome real e de seu apelido (Senyamuhara Safari), de acordo com documentos obtidos pela agência AP.
“Eu era capitão no Exército de Ruanda e depois nos serviços de inteligência”, disse Simbikangwa, um homem cadeirante pequeno e careca, usando uma jaqueta de couro marrom, segundo relatos publicados pela Al Jazeera. O réu é paraplégico em função de um acidente de carro ocorrido em 1986.
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Milhares de tutsis — e também muitos hutus moderados — foram mortos em Ruanda no ano 1994, no episódio tido como o genocídio mais rápido do século XX.
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Durante anos, a França foi vista como um refúgio para os envolvidos no genocídio de Ruanda. Mais lento do que seus vizinhos Bélgica, Suíça e Alemanha, é a primeira vez que o país leva à Justiça um réu residente em seu território.