O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder fez duras críticas nesta quarta-feira (05/02) aos Estados Unidos após a revelação, na terça (04), de que os norte-americanos grampearam o celular que ele usava, a exemplo do que fizeram com a atual, Angela Merkel. Ele demonstrou bastante irritação com o fato.
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“Os EUA não têm respeito por um aliado leal e pela soberania do nosso país”, afirmou, em entrevista ao jornal Bild. Ele dizia “não achar possível” que os norte-americanos pudessem espioná-lo.
“Que os estados se espionam, não é exatamente uma experiência nova. Mas, escutar o telefone de uma chanceler ou de um chanceler é claramente ir longe demais”, continuou.
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Gerhard Schröder (esq.) e o ex-presidente dos EUA George W. Bush, em foto de 2001
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Schröder, do SPD (Partido Social-democrata da Alemanha), foi chanceler entre 1998 e 2005, quando deu lugar a Merkel. Na época, o país se posicionou contra a invasão do Iraque, por parte dos Estados Unidos. Segundo os documentos revelados pelo jornal Süddeutsche e pela emissora Norddeutscher Rundfunk, pelo menos desde 2002 ele estava numa lista de pessoas que deveriam ser monitoradas.
Na época, o presidente dos Estados Unidos era o republicano George W. Bush. De acordo com o jornal e a emissora, uma pessoa com conhecimento direto da espionagem afirmou que “havia motivo para desconfiar que [Schröder] não contribuía para o sucesso da Aliança [grupo de países que participou da invasão].”
Merkel também teve o celular grampeado, de acordo com documentos revelados por Edward Snowden no ano passado, o que gerou um abalo nas relações entre os dois países. Após exigir medidas concretas do governo dos EUA, o presidente Barack Obama afirmou que a chanceler poderia ficar “tranquila”, que a espionagem não voltará a se repetir. Na terça-feira, durante um encontro com empresários, o embaixador norte-americano em Berlim, John Emerson, declarou que foi “estúpido” espionar a chanceler.