As atividades dos veículos blindados russos nos arredores da fronteira com a Ucrânia – mais precisamente na região do Mar Negro, próximo à Crimeia – estão em plena conformidade com os acordos entre a Rússia e a Ucrânia e proporcionam segurança à região, afirmou o ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado nesta sexta-feira (28/02). Segundo agências, embarcações militares russas estão ancoradas na base naval no porto de Sebastopol.
Além disso, homens armados uniformizados tomaram o controle dos aeroportos em Simferopol e Sebastopol na Crimeia, na noite de quinta-feira (27/02). Uma pessoa, que afirmou ser membro da União Popular da Crimeia, mas não se identificou, disse à AP que “não querem que os radicais de outras regiões da Ucrânia ou de outros países cheguem à Crimeia”.
Efe
Indivíduos armados ocupam dois aeroportos da Crimeia nas cidades de Simferol e Sebastopol desde a noite de quinta (27/02)
De acordo com o chefe do serviço de segurança do aeroporto internacional de Simferopol, Vladimir Perepelitsa, as pessoas que patrulhavam o local chamavam a si mesmas de “esquadrões da autodefesa” e sua intenção é evitar tumultos, segundo o RT.
No entanto, a frota russa no Mar Negro nega que suas forças estejam envolvidas na tomada dos aeroportos. Em comunicado, as autoridades afirmam que somente as atividades das “unidades antiterroristas” da frota tinham sido ampliadas, porque a situação é “instável. Por enquanto, os ministérios de Relações Exteriores e de Defesa russos não comentaram o incidente.
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Já para a Ucrânia, os últimos acontecimentos na Crimeia – região autônoma ao sul do país e etnicamente mais próxima à Rússia – foram descritos pelo governo interino como uma invasão e ocupação por forças russas, aumentando tensões entre Rússia e o Ocidente, segundo a Reuters. Autoridades da Crimeia anunciaram que a situação nos dois terminais aéreos está sob controle nesta tarde e que os voos operam de acordo com o cronograma
Reprodução/ RT
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Para o Kremlin, os últimos acontecimentos na Crimeia são consequências de processos políticos internos dos últimos meses na região. Nesta manhã, Kiev havia proposto a realização de consultas bilaterais urgentes sobre os acontecimentos na Crimeia – com base no Acordo de Amizade, Cooperação e Parceria, assinado em 1997 entre os países. No entanto, a sugestão foi negada.
“Nesse contexto, não vemos a necessidade de realizar consultas bilaterais urgentes que foram propostas pelo lado ucraniano”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores após uma reunião nesta sexta com o ministro-conselheiro da embaixada ucraniana em Moscou, Ruslan Nimchinsky, segundo a RT.
A questão Crimeia
Na quinta-feira (27/02), o parlamento da Crimeia não reconheceu o novo governo de transição anunciado pelos manifestantes na quarta (26/02) em Kiev. Além disso, parlamentares decidiram dissolver o governo regional, alegando que o trabalho do Executivo local foi “insatisfatório” no último ano.
Efe
Cercado de manifestantes pró-Rússia, Parlamento da Crimeia rechaçou a deposição do presidente Viktor Yanukovich
O legislativo também agendou para o dia 25 de maio — mesma data em que está prevista a eleição presidencial ucraniana — um referendo para dar mais autonomia à região. A consulta à população deverá decidir o futuro da República Autônoma da Crimeia, podendo alterar o status político-legal da região.
Banhada pelo Mar Negro, a península da Crimeia tem uma população de 2 milhões de habitantes, dos quais 60% são russos, 25%, ucranianos e 12%, tártaros.