Atualizada às 19h25
O chefe do exército egípcio, Abdelfatah al Sisi, anunciou nesta quarta-feira (26/03) que deixa as Forças Armadas e que apresentará sua candidatura às próximas eleições presidenciais. “Me apresento pela última vez vestido de militar porque decidi que minha etapa de ministro da Defesa já terminou e estou à ordem do povo”, disse Al Sisi nas primeiras palavras de seu discurso à nação divulgado pela televisão estatal.
Efe
Marechal al Sisi já era considerado favorito às eleições presidenciais, mesmo antes do anúncio oficial de sua candidatura
O até agora chefe do exército destacou que a primeira vez que se vestiu de militar foi há quase 45 anos, em 1970, e que agora deixa o uniforme “para também defender o povo”. Al Sisi assegurou apresentar sua candidatura “com toda humildade”.
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“Quero falar-vos diretamente do coração, como sempre, para dizer que quero enfrentar os desafios que este povo colocou diante de mim”, acrescentou. Al Sisi prometeu que, caso seja eleito presidente, tentará dar “estabilidade, segurança e esperança” ao país, embora tenha reconhecido que esse objetivo é “complicado”.
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O discurso aconteceu depois que a cúpula militar, liderada por Al Sisi, se reuniu com o presidente interino do Egito, Adly Mansour. O presidente elevou hoje de categoria o chefe do Estado-Maior do exército, Sedki Sobhi, um movimento interpretado como o primeiro passo para que este substitua o marechal Abdelfatah al Sisi à frente das Forças Armadas.
Para apresentar-se às eleições, ainda sem data, Al Sisi devia renunciar à chefia do exército, já que a nova Constituição egípcia, aprovada em referendo no último mês de janeiro, impede um militar de se tornar presidente do país. Após a derrocada do ex-presidente islamita Mohammed Mursi por um golpe militar no último dia 3 de julho, o exército egípcio estabeleceu um roteiro que incluía a aprovação de uma nova Carta Magna e a convocação de pleitos presidenciais e legislativos.
Irmandade Muçulmana
A Irmandade Muçulmana declarou, por meio de comunicado em seu site, que considera a candidatura de Al Sisi contrária à “legitimidade constitucional”. No texto, o grupo destacou que a iniciativa do militar “não necessita de mais provas para demonstrar a conspiração que há contra a legitimidade constitucional”.
Além disso, a Irmandade também sustentou que a candidatura é “mais uma prova do golpe de Estado contra o presidente eleito”, em alusão a Mohammed Mursi, que foi deposto pelo Exército no último dia 03 de julho. Para o grupo, Al Sisi pretende “eliminar a vontade do povo e apoderar-se da decisão dos egípcios”.