André Lion/Opera Mundi
Para Ruslan Koshulinskiy, Rússia usa crise na Ucrânia para retomar territórios da antiga URSS
O vice-presidente do Parlamento da Ucrânia, Ruslan Koshulinskiy, afirmou nesta quarta-feira (16/04), em entrevista exclusiva a Opera Mundi, que a Rússia se aproveita de um movimento que pede mais autonomia para a região de Donetsk, no sudeste, para tentar recuperar territórios perdidos com o fim da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Ele diz que a Rússia, com esse objetivo, faz uma “guerra midiática” na área.
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Koshulinskiy conversou com a reportagem de Opera Mundi por volta das 15h em Kiev (9h em Brasília), após participar de uma reunião parlamentar na qual o governo interino apresentou as medidas “antiterroristas” tomadas contra os separatistas no leste e no sul da Ucrânia.
De acordo com Koshulinskiy, o que diferencia a Crimeia de Donetsk é que, enquanto a primeira desejava fazer parte da Rússia, a segunda região quer ser mais autônoma – sem se separar da Ucrânia. Ele é do partido Svoboda, que ganhou força na época dos primeiros protestos do país, no ano passado, e que faz parte da coalizão do presidente interino, Aleksandr Turchinov, do Fatherland.
Mariane Roccelo/ Opera Mundi
Localização de focos de turbulência de ativistas pró-Rússia na Ucrânia. Para Kiev, Moscou deu a eles ordens de “disparar para matar”
Nesta quarta, ativistas ergueram as bandeiras da Rússia e da República Popular de Donetsk em veículos blindados do exército ucraniano. A cidade teve a prefeitura tomada por ativistas mascarados e armados com fuzis e rifles. As milícias pró-Rússia controlam também o edifício que abriga o governo e o parlamento da região. Em Odessa, cidade banhada pelo mar Negro, houve também manifestações pró-Rússia. No local, separatistas proclamaram o surgimento da República Popular de Odessa.
Efe
Prefeitura de Donetsk foi tomada por ativistas mascarados e armados com fuzis e rifles no nono dia de sublevações na cidade a sudeste
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Muro de Berlim
Na noite de terça (15/04), o presidente russo, Vladimir Putin, disse à chanceler alemã, Angela Merkel, que a escalada do conflito coloca a Ucrânia “à beira de uma guerra civil”. Em resposta, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, afirmou que a Rússia “exporta terrorismo”, aludindo às atitudes do Kremlin na porção leste do país, onde ativistas pró-Rússia se manifestam contra Kiev. “Nossos vizinhos russos querem construir um novo muro de Berlim e voltar aos tempos da Guerra Fria”, disse o premiê.
Vitor Sion/Opera Mundi
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Segundo Yatseniuk, o terrorismo seria o “novo produto de exportação” de Moscou. “Ao longo das últimas semanas, as autoridades russas se omitiram sobre seus grupos de sabotagem junto a terroristas locais, que dispararam com metralhadoras e mataram militares e civis ucranianos”, disse. Além disso, os serviços de segurança ucranianos também denunciaram que os comandantes dos separatistas receberam ordens do Kremlin de “disparar para matar”.