A promotoria sul-coreana pediu nesta sexta-feira (18/04) emissão de um mandado de prisão para o capitão, Lee Joon-seok, e dois outros membros da balsa “Sewol”, que afundou na última quarta (16/04). A acusação é de que os três membros teriam abandonado o barco sem garantir a segurança dos passageiros.
O procurador do caso, Park Jae-Eok, afirmou, durante uma conferência de imprensa, que “o capitão não estava no comando quando o acidente ocorreu”. O barco levava 475 passageiros. Até o momento, os dados oficiais contabilizam 28 mortos confirmados e 268 desaparecidos. Pelo menos 179 pessoas foram resgatadas com vida.
Os promotores acusam o capitão e os outros dois tripulantes de infringirem a lei ao saírem da embarcação no início do resgate. Um tribunal local realizará uma audiência para decidir se emitirá a ordem de detenção nas próximas 48 horas.
Agência Efe
Unidade de Resgate efetivo da Marinha sul-coreana preparar um levantamento balão
Funcionários da Guarda Costeira afirmaram que dois mergulhadores da equipe de resgate conseguiram entrar no compartimento de carga da balsa. Entretanto, não foi possível identificar ou resgatar qualquer pessoa devido a quantidade de objetos que obstruem a passagem.
Cerca de 350 das pessoas que estavam a bordo eram estudantes do colégio Danwon, localizado em Ansan, um subúrbio de Seul. O navio havia viajado de Incheon, noroeste do país, para a ilha resort Jeju, que fica ao sul. Durante o percurso, a embarcação fez uma curva acentuada, antes do capitão dar uma ordem de evacuação. Os oficiais investigam se a ordem poderia ter salvado mais vidas, mas alguns especialistas afirmam que a curva pode ter desestabilizado o navio.
Agência Efe
A embarcação Sewol (à direita) desaparece debaixo de água, enquanto as equipes de resgate continuam trabalhando
Parentes das vítimas ficaram de luto durante a noite, em um hospital na cidade de Mokpo, perto da cidade portuária de Jindo. Muitos acusaram o capitão de ter sido negligente. “Como ele pode dizer para aquelas crianças para saltarem do navio afundando por conta própria?”, disse Ham Young-ho, avó de um dos jovens mortos, Lee Da-woon, de 17 anos.
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Durante as operações de busca, uma grande quantidade de ar foi injetada dentro da embarcação, para ajudar qualquer pessoa que estivesse presa. Entretanto os oficiais disseram que é improvável que ainda haja sobreviventes. Três guindastes de resgate chegaram ao local, para elevar o navio ou movê-lo para outra área. As fortes correntes marítimas tem dificultado as buscas.
O capitão Lee Joon-seok e a empresa proprietária do navio pediram desculpas às vítimas e seus familiares durante uma entrevista para televisão sul-coreana. “Estou muito triste e profundamente envergonhado. Eu não sei o que dizer”, disse o capitão.
O vice-diretor da escola de ensino médio Danwon, Kang Min-Kyu, de 52 anos, que havia sido resgatado da balsa, foi encontrado morto nesta sexta, após supostamente cometer suicido. Ele estava desaparecido desde quinta-feira (17/04), e foi encontrado enforcado em uma árvore perto de uma academia, onde muitos parentes dos passageiros desaparecidos estavam.
Kang não deixou nenhuma nota de suicídio. As buscas pelo vice-diretor começaram depois que ele foi dado como desaparecido por um professor do colégio. Nas salas de aula dos estudantes desaparecidos, alguns alunos deixaram mensagens nas mesas, nas lousas e nas janelas, pedindo pelo retorno de seus amigos.