Entre música clássica, rosas amarelas e borboletas de papel, milhares de pessoas compareceram nesta segunda-feira (21/04) ao Palácio de Bellas Artes na Cidade do México para render a última homenagem ao escritor colombiano Gabriel García Márquez, que morreu na última quinta-feira (17/04) em casa, no México. A cerimônia foi comandada pelos presidentes colombiano, Juan Manuel Santos, e mexicano, Enrique Peña Nieto, que destacaram a importância das obras de Gabi para a literatura mundial e para a identidade latino-americana.
Nesta terça (22/04), será realizada uma nova cerimônia em homenagem ao escritor na Colômbia, sua terra natal.
Agência Efe
Juan Manuel Santos (esq.) e Enrique Peña Nieto participaram de homenagem a Gabriel García Márquez na Cidade do México
O líder cubano Fidel Castro enviou ao México uma coroa de rosas brancas e amarelas na qual se lia “a um querido amigo” e lembrou que sua relação com o colombiano foi cultivada, durante muitos anos, com centenas de conversas. O presidente da ilha caribenha, Raúl Castro, também rendeu homenagem ao escritor, a quem classificou como um “grande amigo de Cuba”.
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Emocionado, Santos afirmou que Gabriel García Márquez “incorporou em suas obras a essência de ser latino-americano”. “‘Macondo’ representa um mundo novo e antigo onde são possíveis as utopias da paz, que tantas vezes buscamos juntos” declarou. “Gabo utilizou o maior dos poderes como fonte de inspiração, o poder do amor, para transmitir suas histórias e com isso colocou Aracata, sua cidade natal, em um lugar legendário para o mundo.”
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“Glória eterna a quem mais glória nos deu”, afirmou Santos ao ressaltar que os maiores privilégios dos colombianos é o aporte de Macondo ao mundo. Macondo é Cartagena, Bogotá, Paris, México, todos os lugares emblemáticos que serviram de inspiração à obra do escritor, disse.
“Antes de mais nada, nos deixa a esperança, a tarefa, a determinação de nos unirmos pelo bem de nossos povos” concluiu o presidente colombiano ao lembrar a célebre frase de García Márquez ao receber o Nobel de Literatura em 1982: “Os latino-americanos não estamos condenados ao mal”. Temos o compromisso de fazer a utopia possível, de construir uma América Latina onde de verdade seja certo o amor e seja possível a felicidade, acrescentou.
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Peña Nieto destacou que com a morte de García Márquez se foi um grande homem, um dos maiores da história da literatura, cuja “vida e obra são inspiração, guia, luz e exemplo” para muitos escritores ao redor do mundo. Seu realismo mágico colocou a literatura latino-americana entre a maior do mundo. “Graças a sua obra, a América Latina é amada em outros continentes”, ressaltou.
O mandatário mexicano lembrou que Gabo escolheu o México, onde viveu 50 anos, para criar suas obras. “Aqui os mexicanos vimos crescer esta árvore frondosa que é García Márquez (…) nos despedimos com a alegria de sua vida e a emoção de seus livros”, afirmou.
Ao fim da cerimônia oficial, milhares de borboletas amarelas de papel voaram nas imediações do palácio, uma referência ao seu célebre livro Cem Anos de Solidão.
Agência Efe
Admiradores prestaram homenagem a Gabo durante homenagem ao escritor no Palácio de Bellas Artes
Infinidade de mensagens
Em um comunicado divulgado nesta terça-feira (22/04), a viúva de Gabriel García Márquez, Mercedes Barcha, e seus filhos agradeceram a “infinidade” de gestos e mensagens de leitores do mundo inteiro, por expressar “o amor por Gabo para além da tristeza de perdê-lo”.
“Nos fazem sentir que não o perdemos, mas o ganhamos para sempre e que ele pertence a eles. Obrigado. Mercedes, Gonzalo e Rodrigo”, escreveram após a homenagem realizada à memória de García Márquez.
Fora do recinto onde foram prestadas as homenagens oficiais ao escritor, centenas de pessoas portavam cartazes com frases de admiração pelo “pai do realismo mágico”, tais como “Deixa 100 anos mais”, “Gabo vive” e “Gabo amigo, México está contigo”. Fãs levaram até oito horas para conseguir render uma última homenagem ao escritor.
*com agências