A Rússia vai retaliar se o seu território for atacado ou se os seus interesses forem ameaçados, declarou nesta quarta-feira (23/04) o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. Em entrevista à emissora russa RT, o chanceler ressaltou que “atacar os russos é atacar a Federação da Rússia” e acrescentou que crê na possibilidade de os Estados Unidos estarem por trás da atual crise na vizinha Ucrânia.
Efe
Ministro russo das Relações Exteriores, Lavrov diz que tropas militares na fronteira com Ucrânia serve para exército “se sentir em forma”
“Se nós formos atacados, certamente iremos responder”, sintetizou Lavrov à rede de televisão russa. “Se os interesses dos russos forem atacados diretamente, como foram na Ossétia do Sul, por exemplo, não vejo outra forma se não respondermos de acordo com a lei internacional”, explicou, aludindo à guerra de 2008 com a Geórgia após a qual Moscou reconheceu Ossétia do Sul e Abecásia como dois territórios separatistas pró-russos.
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Na terça (22/04), Washington anunciou que mobilizará 600 soldados na Polônia e nas repúblicas bálticas, como um ato pra demonstrar o compromisso com seus aliados da OTAN 9Organização do Tratado do Atlântico Norte). Sobre o gesto, Lavrov reforçou censura e acusa: “Não há razão para não acreditar que os norte-americanos estão comandando o show”.
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Paralelamente, o presidente interino da Ucrânia, Alexander Turchinov, ordenou na noite de ontem a retomada da operação antiterrorista contra os separatistas do leste do país, após a descoberta de dois corpos com sinais de tortura. O anúncio da nova ofensiva antiterrorista foi feito poucas horas após o fim da visita do vice-presidente norte-americano, Joe Biden, a Kiev.
Vitor Sion/ Opera Mundi
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A respeito das acusações de presença de tropas militares na fronteira com a Ucrânia, o chanceler admitiu que existem forças no local, mas por participação de “exercícios militares, que têm caráter regular”, argumentou. Para Lavrov, se trata de um “processo contínuo, porque o exército deve estar preparado e se sentir em forma”.
As declarações foram dadas em um momento em que a oposição pró-Rússia enfrentam uma operação militar antiterrorista lançada pelo governo pró-ocidental de Kiev na porção leste da Ucrânia. Na região, ativistas favoráveis a Moscou tem tomado as ruas de cidades como Donetsk e Carcóvia após a anexação da Crimeia ao território russo em 21 de março.
Mariane Roccelo/ Opera Mundi
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