A um dia para completar 99 anos do início do genocídio armênio, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestou nesta quarta-feira (23/04) uma inesperada condolência e pêsames “aos netos dos armênios mortos em 1915”. Apesar de ter utilizado vocabulário inédito em mensagem para os descendentes de armênios massacrados, o premiê se recusou usar o termo “genocídio”.
Efe
Erdogan: Conservador, restringiu redes sociais no país e investe em teoria de conspiração para enfrentar denúncias de corrupção
Em comunicado, o chefe do governo fala abertamente pela primeira vez sobre o massacre ocorrido entre 1915 e 1917, reconhecido por diversos países, mas não pela própria Turquia. Em um texto veiculado em nove línguas – incluindo o armênio – Erdogan descreveu o ocorrido como “desumano”.
“É um dever humano compreender e compartilhar a vontade dos armênios de lembrar seu sofrimento durante esta época”, afirma em comunicado. “É com essa esperança e crença que desejamos que os armênios que perderam a vida no contexto do início do século XX descansem em paz e transmitimos as nossas condolências aos seus netos”, acrescentou.
NULL
NULL
No entanto, Erdogan acredita que isto não devia impedir os dois povos de manterem boas relações. “É inadmissível usar os eventos de 1915 como uma desculpa para hostilidade com a Turquia, e transformar este assunto numa questão de conflito política”. O premiê acrescenta que tais eventos não deveriam ser lembrados pela discriminação com base na etnia e religião, apesar de armênios serem cristãos e turcos, muçulmanos.
Primeiro do século XX, o genocídio armênio começou no dia 24 de abril de 1915. Estimativas apontam que cerca de 1, 5 milhão de pessoas foram mortas. Além de constantes casos de deportação e tortura, a Armênia acusa as autoridades turcas de submeterem crianças, mulheres e idosos a terríveis condições nas chamadas “marchas da morte”. Desde 1993, a fronteira entre os dois países está fechada.