Cerca de 20 ativistas pró-Rússia, armados e vestidos com fardas militares, tomaram nesta quarta-feira (30/04) a Prefeitura e a sede da polícia da cidade de Gorlovka, a 40 km de Donetsk, foco do levante separatista contra o governo de Kiev. Nas últimas 24 horas, a ocupação de edifícios da administração pública no sudeste da Ucrânia se intensificou.
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Efe
Ativistas pró-Rússia, armados e vestidos com fardas militares em Lugansk: separatismo chegou a Gorlovka hoje
Na terça (29), grupos pró-Moscou tomaram o controle da sede da Procuradoria e do governo em Lugansk. “A liderança regional não controla sua força policial”, disse à Reuters Stanislav Rechynsky, um assessor do ministro do Interior, Arsen Avakov, referindo-se aos eventos na região. “A polícia local não fez nada”, acrescentou.
Diante da gravidade da situação, o presidente interino ucraniano, Alexander Turchinov, realizou hoje uma reunião de urgência com os governadores de todas as regiões do país. “Mais uma vez, eu retorno a falar sobre o perigo real de a Federação Russa iniciar uma guerra terrestre contra a Ucrânia”, disse Turchinov, segundo a Interfax.
Alerta militar máximo
O líder provisório do país reforçou preocupação com a presença de tropas russas na fronteira e reiterou que as Forças Armadas da Ucrânia estão em alerta militar máximo em caso de uma invasão. “Nossa principal tarefa é impedir que a ameaça terrorista se espalhe para outras regiões da Ucrânia”, declarou.
Vitor Sion/ Opera Mundi
Barricadas com pneus são frequentes em Donetsk apenas perto de prédios ocupados, segundo relata nosso enviado especial à Ucrânia
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Os separatistas do leste marcaram um referendo para o dia 11 de maio, quando vão decidir se continuarão a fazer parte da Ucrânia ou se terão o mesmo desfecho da Crimeia. “A liderança russa está fazendo de tudo para impedir a eleição. Mas o pleito acontecerá no dia 25 de maio”, ressaltou Turchinov, aludindo às eleições na Ucrânia que definirão um novo governo.
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Ocidente culpa Rússia por conflito
Os Estados Unidos acusaram nesta quarta o Kremlin de não ter se mobilizado para cumprir os acordos de Genebra, estabelecidos na reunião realizada no último dia 17 para diminuir a tensão na Ucrânia. “A Rússia ainda tem a oportunidade de tomar as decisões certas e de começar a usar sua influência para diminuir a tensão, em vez de aumentá-la”, declarou o embaixador dos EUA, Daniel Baer, acrescentando que o atual conflito “não aconteceria sem o envolvimento da Rússia”. Para o diplomata norte-americano, ainda há tempo para parar a influência “negativa” russa na Ucrânia.
Mariane Roccelo/ Opera Mundi
Mapa apresenta localização algumas das principais cidades em conflito no leste e sudeste da Ucrânia, na fronteira com a Rússia
Ontem, o Conselho de Segurança da ONU reuniu as potências ocidentais a pedido do Reino Unido, em que já haviam denunciado o descumprimento dos tratados de Genebra por parte de Moscou e ainda exigiram a libertação de militares europeus retidos por forças pró-russas desde a sexta passada. Representando a ONU, Jeffrey Feltman, lamentou que o espírito de compromisso de Genebra “tenha se evaporado” e lamentou a “retórica pouco útil”.
O embaixador britânico, Mark Lyall Grant, culpou o governo de Vladimir Putin de dirigir as “ações paramilitares” registradas em várias cidades e denunciou incursões no espaço aéreo ucraniano de caças e helicópteros russos. “As ações russas são claras tentativas de aumentar a tensão na Ucrânia”, disse.
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Efe (28/04/014)
Cartaz colocado por ativistas pró-Rússia em Lugansk pedem que EUA e União Europeia “tirem as mãos” da Ucrânia
Já o diplomata francês, Gérard Araud, assegurou que a Rússia está seguindo a mesma estratégia que na Crimeia e que quase não disfarça sua presença por trás das milícias separatistas, ameaçando endurecer as sanções contra o país, apesar de não ser a “via ideal”.
Em sua defesa, o embaixador russo, Vitaly Churkin, argumentou que é “o governo de Kiev que está empurrando o país rumo ao desastre”, culpando o Ocidente de lançar “insinuações graves contra a Rússia”. Para o diplomata, as sanções aprovadas pelos Estados Unidos e pela UE são “inúteis e contraproducentes” e pediu a ambos “responsabilidade” para não piorar a situação.