O governo de Cuba anunciou nesta quarta-feira (07/05) a detenção de quatro cidadãos cubanos, residentes em Miami, acusados de planejar ações terroristas contra a ilha caribenha. De acordo com uma nota do Ministério do Interior, eles planejavam “atacar instalações militares com o objetivo de promover ações violentas”.
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As prisões de José Ortega Amador, Obdulio Rodríguez González, Raibel Pacheco Santos e Félix Monção Álvarez ocorreram em 26 de abril. Para planejar a execução de tais “ações violentas”, três deles teriam feito várias viagens à ilha desde meados de 2013, como afirma o comunicado cubano.
As ações seriam orquestradas por Santiago Álvarez Fernández Magriñá, Osvaldo Mitat e Manuel Alzugaray, também residentes em Miami, e que, segundo o governo caribenho, mantêm “estreitos laços com o famoso terrorista Luis Posada Carriles”, procurado pelos governos de Cuba e Venezuela.
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O Ministério do Interior de Cuba diz em sua nota que fará “as gestões pertinentes” com as autoridades dos Estados Unidos “para investigar os fatos e evitar oportunamente que a atuação de elementos e organizações terroristas radicados no país ponham em risco a vida de pessoas e a segurança de ambas as nações”.
Ações terroristas a partir de Miami
Em seu livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria, o escritor e jornalista Fernando Morais revela os bastidores da atuação de organizações contrárias ao governo cubano a partir de Miami. Essas ações foram descobertas e denunciadas por membros da inteligência cubana que se infiltraram nos EUA para impedir a concretização dos atos. Apesar do dossiê entregue pelo governo caribenho a Washington, nenhuma ação foi feita para barrar os atos terroristas. Os agentes cubanos, no entanto, foram detidos em 1998 e respondem a penas que chegam a até duas prisões perpétuas nos EUA.
Efe
Ações tinham o objetivo, em sua maioria, de enfraquecer o turismo na ilha, uma das principais fontes de divisas para Cuba
Uma intensa campanha mundial pela libertação dos “Cinco”, como são conhecidos, vem sendo realizada desde então, com respaldo de importantes organizações de direitos humanos internacionais. Fernando González Llort e René Gonzales foram libertados recentemente, após cumprirem suas penas. Antonio Guerrero Rodríguez, Gerardo Hernández Nordelo e Ramón Labañino Salazar seguem detidos.
De acordo com as revelações, um dos principais mentores das ações terroristas contra a ilha é o ex-agente da CIA, Posada Carriles, cubano naturalizado venezuelano. Ele é acusado de ter realizado, em 1976, o atentado contra o voo 455 da Cubana de Aviación que matou 73 pessoas.
Juntamente com Orlando Bosh, Posada Carriles foi julgado em Caracas no mesmo ano e condenado. Em 1985, no entanto, com o apoio da CIA e da fundação cubano-americana, fugiu da prisão. Ele também é acusado de ter organizado atentados com bomba contra hotéis e restaurantes em Havana em 1997, que mataram um turista italiano e deixaram vários feridos.
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Em seu currículo estão vários atentados realizados contra movimentos de esquerda na América Central e no Caribe. Em 2000, foi detido no Panamá após planejar um atentado contra Fidel Castro. Em 2004 foi anistiado pela presidente panamenha Mireya Moscoso. Um ano depois entrou de maneira supostamente ilegal nos EUA e pediu asilo político para fugir dos pedidos de extradição feitos por Cuba e Venezuela.
Desde então, o governo dos EUA se nega a extraditá-lo. Os pedidos feitos pela Venezuela foram recusados sob a alegação de que ele poderia ser posteriormente deportado a Cuba. O único julgamento pelo qual passou nos EUA foi por delitos de imigração.