A despeito do pedido expresso feito pelo presidente Vladimir Putin, os separatistas pró-Rússia da região de Donetsk, no leste da Ucrânia, decidiram manter para o próximo domingo (11) a realização do referendo por mais autonomia. A decisão unânime foi tomada nesta quinta-feira (08/05) pelos membros da assembleia da autoproclamada “República Popular de Donetsk”. Os grupos anti-Kiev da região de Lugansk também resolveram manter a data do plebiscito.
O presidente russo havia pedido ontem que a consulta à população fosse suspensa; um movimento necessário para criar “condições necessárias para o diálogo com Kiev”, segundo Putin. O apelo do líder russo veio após reunião com o chefe da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa), Didier Burkhalter.
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Agência Efe
Membros da assembleia da autoproclamada “República Popular de Donetsk” anunciam decisão de manter referendo
Em sessão extraordinária, os ativistas de Donetsk agradeceram a Putin por seus esforços diplomáticos, mas afirmaram que a realização do referendo não é uma decisão apenas das lideranças separatistas, e sim do povo da região. Caso a resposta do referendo seja favorável à independência dos territórios, um dos líderes pró-Moscou disse ontem que um novo Estado soberano deverá ser criado: a “Nova Rússia” englobaria as regiões de Donetsk, Lugansk, Carcóvia, Odessa e Nikolayev.
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Anteontem, o parlamento da Ucrânia, em Kiev, havia rejeitado a possibilidade de convocar um referendo sobre a concessão de mais autonomia às regiões do país. Os legisladores barraram uma medida que previa a consulta conjunta com as eleições presidenciais, marcadas para 25 de maio. Membros do Fatherland, partido que comanda o governo interino após a deposição de Viktor Yanukovich, explicaram que o referendo será realizado assim que a situação se estabilizar no sudeste do país.
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O Ministério da Defesa do governo temporário da Ucrânia afirmou também que prosseguirá com as ofensivas “antiterroristas” contra opositores pró-russos. “A ação continuará independentemente da decisão [sobre a realização ou não do referendo no domingo]”, disse o ministro interino Andrei Parubi.
Também hoje, a Rússia assegurou que já removeu há dias suas tropas localizadas na fronteira com a Ucrânia. Representantes dos EUA e da Otan (aliança militar ocidental) diziam não ter provas sobre o recuo das forças russas.
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Agência Efe
Soldados da Guarda Nacional ucraniana fazem treinamento cem base militar próxima a Kiev
Ucrânia retoma Mariupol
As forças de segurança ucranianas retomaram hoje o controle da prefeitura da cidade de Mariupol, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, que tinha sido ocupada por grupos pró-Rússia.
“Homens com uniformes negros tomaram o controle do edifício da prefeitura. Isolaram o edifício e não deixam ninguém passar”, afirmou um porta-voz dos opositores à agência russa Interfax.
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Os militares ucranianos debelaram com extintores as chamas que os manifestantes pró-Rússia acenderam nas barricadas levantadas com pneus nas imediações da prefeitura.
Forças especiais ucranianas já tinham desalojado na terça-feira (06) durante várias horas o edifício e prendido vários rebeldes. Pouco depois, os agentes se retiraram do edifício, o que pareceu uma simples demonstração de força como parte de uma tática de desgaste.
(*) Com informações da Agência Efe