Realizado há quase um mês, mas evidenciado na comunidade internacional há poucos dias, o sequestro de mais de 200 meninas na Nigéria pelo grupo terrorista islâmico Boko Haram é o principal destaque desta semana em Opera Mundi. O rapto aconteceu no dia 14 de abril em um internato na cidade de Chibok, no nordeste da Nigéria. Na última segunda-feira (05/05), uma das meninas sequestradas conseguiu escapar e denunciou que as reféns são estupradas até 15 vezes por dia, segundo o portal local The Trent.
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Campanha que pede a volta das meninas mobilizou protestos nesta semana na capital Abuja
Além disso, as vítimas estão sendo forçadas a casar com seus sequestradores e vendidas a menos de R$ 30, de acordo com a Al Jazeera e organizações de direitos humanos.
Em vídeo, um suposto representante do Boko Haram, que se identifica como Abubakar Shekau, assumiu responsabilidade pelo ataque e afirmou que, “por Alá”, iria vendê-las. “A educação ocidental deve parar. Vocês, meninas, devem deixar a escola e se casar”, disse. Os Estados Unidos estudam usar drones (aviões não tripulados) para procurar as vítimas, afirmou na quinta-feira (08/05) o embaixador norte-americano no país, James Entwistle.
Possíveis anexações e novos referendos
Já o conflito entre a Rússia e a Ucrânia continuou em foco nesta semana. Para comemorar na sexta-feira (09/05) o Dia da Vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial – um dos mais importantes feriados russos -, o presidente Vladimir Putin visitou pela primeira vez a recém-anexada península da Crimeia – território que deixou de pertencer à Ucrânia no dia 21 de março.
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Putin discursa na sexta em tom ufanista no porto de Sebastopol, durante sua primeira visita à recém-anexada península da Crimeia
A despeito do pedido expresso feito por Putin, os separatistas pró-Rússia da região de Donetsk, no leste da Ucrânia, decidiram manter para amanhã a realização do referendo por mais autonomia. A decisão unânime foi tomada nesta quinta-feira (08/05) pelos membros da assembleia da autoproclamada “República Popular de Donetsk”. Os grupos anti-Kiev da região de Lugansk também resolveram manter a data do plebiscito.
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Na quarta (07/05), um dos líderes do movimento separatista no leste da Ucrânia também anunciou intenção de se unir a outras regiões pró-russas dentro do país para criar um novo Estado independente. Se o resultado da consulta de domingo for favorável à autonomia, as cidades de Donetsk, Lugansk, Carcóvia, Odessa e Nikolayev poderão constituir um novo país: Novorossiya, ou “Nova Rússia”.
Os conflitos no leste do país já resultaram em dezenas de mortos. A maioria dos combates entre as forças pró-Rússia e o Exército ucraniano tem acontecido em cidades russófonas na região de Odessa, Donetsk, Slaviansk, Kramatorsk e, mais recentemente, em Mariupol, onde cerca de 21 pessoas morreram ontem durante tiroteios com tropas de Kiev.
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Em Mariupol, a violência no combate entre ativistas pró-Rússia e tropas do Exército de Kiev chegou a níveis alartamentes nesta semana
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No quarto episódio da segunda temporada de Aula Pública Opera Mundi, Manolita Correia – doutora em Educação pela USP (Universidade de São Paulo) e professora da ESPM – discute a internacionalização da educação no Brasil e no mundo e os benefícios de intercâmbios culturais e intelectuais no debate: “Qual o rumo do ensino superior nos próximos anos?”.
Para a socióloga, se quisermos “atrair um estudante internacional, temos que ter uma concepção diferenciada de universidade. A gente não pode reproduzir uma concepção hegemônica que se instalou nos países neocoloniais. Precisamos ter uma concepção própria de universidade”. É necessário que exista um respeito em relação “às diferenças culturais, nacionais, num sentido de integração pela cultura acadêmica”, analisa.
Evento em São Paulo
Nesta semana, aconteceu o evento “Jornadas Brasil-Alemanha”, que contou com o apoio de Opera Mundi e foi organizado por ocasião do aniversário de 50 anos do golpe civil-militar de 1964, no campus da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Entre segunda (05/05) e quarta-feira (07/05), discutiu-se uma série de aspectos da relação bilateral, como o comportamento alemão frente à ditadura brasileira, acordo nuclear de 1975 e a política de cada país para a realização de grandes eventos.
Entre os participantes do evento destacou-se o ex-ministro de Meio Ambiente alemão Jürgen Trittin e o deputado do Parlamento Europeu pelo Partido Social-Democrata Wolfgang Kreissl-Dörfler. Em entrevista exclusiva a Opera Mundi, Trittin defendeu o fim do acordo nuclear entre os dois países, que pode ser rompido no final deste ano.“Acredito que é um bom ano para deixar esse acordo, até pelo simbolismo da presidente Dilma [Rousseff] ter lutado contra a ditadura”, argumentou o político alemão.
Movimento estudantil no Chile
Na América Latina, outro assunto que chamou atenção nesta semana foram os estudantes. Na quinta-feira (08/05), o movimento estudantil realizou a primeira grande marcha durante o segundo mandato de Michelle Bachelet, com o intuito de cobrar a promessa da presidente que voltou ao poder falando em promover uma reforma educacional baseada no fortalecimento da educação pública gratuita.
Leia mais: Cinco mulheres lideram movimento estudantil chileno em 2014
A reforma educacional é uma das três grandes reformas prometidas por Bachelet durante a campanha e sua apresentação está incluída na lista de medidas programadas para os primeiros 100 dias de governo. Porém, o governo também estipulou que essa apresentação só será realizada após a aprovação da reforma tributária, a primeira das três promessas que chegou ao Congresso e que ainda está em tramitação.
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Bachelet, ao lado do diretor da FAO, José Graziano. Reforma educacional é uma das três grandes reformas prometidas na campanha