Nas eleições presidenciais colombianas do dia 25 de maio, o atual chefe de Estado, Juan Manuel Santos, é o favorito no pleito. Sob a bandeira eleitoral de “defensor da paz”, o candidato tenta negociar há 18 meses um diálogo inédito com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em Havana para por fim a um conflito que já dura 50 anos e resultou na morte de mais de 200 mil pessoas. Às vésperas da votação, conheça sete fatos marcantes sobre o candidato a reeleição.
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1. “Votar pela paz”. Com este lema de campanha, Santos garantiu nas mais recentes entrevistas à imprensa que a paz com as FARC e, possivelmente, com a segunda maior guerrilha do país, o ELN (Exército de Libertação Nacional), poderá ser consolidada antes do fim de 2014. “Não gosto de colocar datas determinadas, mas a dinâmica faz pensar que durante este ano poderíamos terminar os cinco pontos da agenda de diálogos”, disse Santos à Efe na última semana. Curiosamente, quando foi eleito em junho de 2010, o atual presidente dissera à BBC que não haveria “possibilidade alguma” de diálogos com as guerrilhas de narcotráfico. “Às FARC e aos violentos, digo: acabou seu tempo e os colombianos sabem bem que sei como combatê-los”, afirmou à época.
Efe (mar/2014)
Santos vota nas eleições legislativas de março deste ano: alto índice de abstenções é preocupante no país
2. Escândalos nas campanhas. Em uma semana, os assessores dos dois principais presidenciáveis renunciaram. No dia 5 de maio, o assessor de campanha de Santos, o venezuelano Juan José Rendón, pediu demissão após a imprensa local denunciar que ele teria recebido US$ 12 milhões de um traficante de drogas para mediar com o governo a rendição de quatro chefes do tráfico. Além disso, o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe declarou ter provas de que a equipe de Santos usou US$ 2 milhões recebidos por Rendón para pagar dívidas da campanha de 2010. Dois dias depois, seu rival de eleição, Oscar Ivan Zuluaga, teve a reputação manchada quando seu chefe de campanha, Luis Alfonso Hoyos, se demitiu com um escândalo de espionagem às negociações de paz com as FARC em que supostamente estaria conectado. Ambos os candidatos pediram investigações e negaram envolvimento nos casos relatados.
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3. O Fantasma de Uribe. A forte atuação e a influência de Uribe no cenário político colombiano foram destacadas na edição de abril da revista The Economist como “o maior problema político” de Santos. Aliados no passado, os dois políticos romperam após o atual presidente iniciar negociações de paz com as FARC. Durante o governo de Uribe (2002-2010), Santos foi ministro da Defesa e seu afilhado político no ultimo pleito presidencial. Paralelamente, Uribe foi eleito senador neste ano. “Espero que possamos deixar de lado os ódios, os rancores e trabalhar pelo país”, afirmou Santos ao ex-líder colombiano, após as eleições parlamentares de março. Contudo, o fato de que Uribe tornou-se principal mentor do candidato Zuluaga também colaborou para fragilizar a relação entre os dois. Uma pesquisa divulgada no dia 24 de abril pelo jornal local El Tiempo revelou que 80% dos colombianos consideram que o enfrentamento entre o mandatário e Uribe é inconveniente para o país.
Efe
No poder entre 2002 e 2010, Uribe (dir) foi padrinho de Santos (esq) nas últimas eleições presidenciais, mas romperam
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4. Polêmica de espionagens. No início de fevereiro, membros do Exército colombiano foram acusados de espionar os representantes do governo de Santos que fazem parte dos diálogos de paz com as FARC. De acordo com a revista Semana, um centro clandestino conhecido como “Andrômeda” foi montado em Bogotá com esse objetivo. Segundo a publicação, o local já estava em funcionamento desde setembro de 2012, oito dias depois de o atual mandatário confirmar a existência das negociações com o narcotráfico. Na ocasião, a instituição militar negou as acusações de espionagem. Contudo, no dia seguinte após as denúncias, uma cúpula de inteligência do Exército caiu e o ministério da Defesa realizou uma série de mudanças na chefia das Forças Armadas do país. Além disso, no início deste mês foi descoberto mais um imóvel onde supostamente haveria interceptações ilegais de e-mails de altos funcionários do Estado, inclusive de Santos, apesar de tal polêmica não ter sido ainda comprovada.
5. Pesquisas falsas. Para tentar reverter a situação de desvantagem, partidários do Zuluaga iniciaram uma campanha na internet no fim de abril com a divulgação de falsas pesquisas eleitorais que o colocam à frente da disputa com 21% da preferência dos colombianos, seguido por Enrique Peñalosa com 19%. O presidente Santos aparece somente em terceiro lugar com 16% das intenções de votos. Denúncia feita pela BluRádio.com revelou também que entre os difusores da falsa pesquisa está o filho de Álvaro Uribe, Tomás, que retuitou a informação. O levantamento é creditado à empresa Ipsos-Napoleón Franco, que negou a autoria do estudo, mas ressaltou que divulgará, em breve, uma sondagem das intenções de voto a pedido da revista Semana.
Efe (out/2013)
Dirigentes das FARC leem comunicado em outubro de 2013 sobre diálogos de paz com governo colombiano
6. Família de políticos. Santos faz parte de uma das famílias mais tradicionais da política colombiana. O seu tio-avô, Eduardo Santos, foi presidente do país entre 1938 e 1942. Além disso, seu primo Francisco Santos foi vice-presidente de Álvaro Uribe durante os dois mandatos do ex-chefe de Estado.
7. Receio de abstenções. Devido à elevada quantidade de escândalos políticos nos últimos tempos, analistas preveem que tal panorama possa favorecer um número ainda maior de abstenções no pleito de 25 de maio – situação corriqueira no país. Como o voto não é obrigatório na Colômbia, a média histórica de abstenções tem ultrapassado 50%. Nas próprias eleições parlamentares de março deste ano, dos 32 milhões de colombianos aptos a votar, 56% não compareceram às urnas, 10% votaram nulo e outros 6% não marcaram as cédulas. No pleito presidencial de 2010, por exemplo, a abstenção chegou à marca de 57%.do total de eleitores.