Faltam poucos pontos para que as FARC (Forcas Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo colombiano cheguem a um acordo de paz. O processo, que começou em outubro de 2012 e tem seis itens específicos, foi uma das principais apostas do presidente Juan Manuel Santos durante sua gestão e permanece sendo para a a campanha pela reeleição.
Neste domingo (25/05), a Colômbia vai às urnas e a continuidade do processo é uma incógnita, já que o candidato uribista Oscar Iván Zuluaga — empatado nas pesquisas com Santos — é contrário ao acordo.
Efe
Simpatizante do presidente colombiano carrega cartaz com a mensagem “Juan Manuel Santos sim é capaz de alcançar a paz”
O ponto assinado na semana passada é o que trata das drogas Ilícitas. Segundo León Valencia, analista político, as resoluções do terceiro ponto são decisivas, pois o tema nunca foi discutido nas tentativas de paz anteriores. Segundo o documento, o grupo insurgente e o Estado colombiano chegaram a resoluções referentes sobre três subtemas, que destacam a proteção aos atores mais frágeis da cadeia do narcotráfico: cultivadores e consumidores.
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Uma das soluções encontradas para solucionar o problema do narcotráfico na Colômbia é a criação de um programa de substituição de cultivos de produtos ilegais, que auxiliaria os pequenos produtores a substituírem seus cultivos ilícitos por outras culturas. Segundo Santos, programas assim não puderam ser feitos anteriormente devido ao conflito armado que vive o país.
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Uma nova política de assistência que trabalhe pela reabilitação e reinserção social dos dependentes de drogas também está prevista. A proposta é que os consumidores sejam tratados no âmbito da saúde pública e que seja dada atenção especial à prevenção, reabilitação e reinserção social dos dependentes.
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Por último, ficou definida a execução de uma política de investigação e punição aos crimes associados a grandes organizações do narcotráfico. De acordo com Iván Márquez, representante das FARC na mesa de diálogo, será desenvolvida uma nova política para desmantelar redes transnacionais criminosas do narcotráfico. Ele ressalotu que a resolução definitiva para o problema também “reside em nações poderosas que estão além das fronteiras colombianas”.
Empate Técnico
Colombianos se questionam se o passo dado nos Diálogos de Paz não está inserido em uma estratégia eleitoral do presidente colombiano para desbancar seu opositor, Zuluaga, contrário às negociações e que apresentou resultados favoráveis nas últimas pesquisas eleitorais. “Não estou de acordo com a discussão de nossa política antidrogas com o principal cartel de drogas do mundo. Um Estado legítimo e democrático não discute sua política de combate às drogas”, afirmou o candidato no sábado (17/05).
Divulgada pela Revista Semana ontem (18/05), a sondagem da empresa Ipsos Napoleón Franco mostra que Santos (28,5%) e Zuluaga (29,5%) apresentariam um empate técnico. Enquanto o presidente aposta na solução do conflito colombiano pela via dos Diálogos de Paz, o candidato, do partido uribista Centro Democrático mantém uma postura de tolerância zero com a guerrilha, herdada de seu mentor, o ex-presidente Álvaro Uribe.
No passado, houve outras tentativas de processos de paz e de desmobilização de grupos ilegais. Com as FARC, entre os anos de 1998 e 2002, o então presidente Andrés Pastrana buscou um diálogo, sem sucesso. Apesar de o atual processo ser o mais exitoso até o momento, os resultados reais só poderão ser vistos em longo prazo.
O grande desafio, concordam analistas, é que a guerrilha e o Estado colombiano têm pela frente a tarefa de colocar em prática os tratados acordados em Havana, independente de quem vença as eleições. Será possível dar continuidade ao processo de paz, não importando quem esteja no poder? Parte da resposta será dada após os resultados de 25 de maio.