O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, qualificou na noite desta terça-feira (20/05) de “detestáveis” as declarações da secretária de Estado adjunta dos EUA para América Latina, Roberta Jacobson, e a aprovação pelo Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA do projeto de lei que prevê sanções contra membros do governo venezuelano por denúncias de violações aos direitos humanos.
Efe (17/05/2014)
Maduro participa de ato em Caracas. Presidente revelou que irá apresentar provas sobre “o plano de golpe de Estado [dos EUA]”
Maduro, que se pronunciou durante uma reunião de trabalho com a alta cúpula política do governo, chamou Jacobson de arrogante e disse “às vezes não se sabe quem fala” pela oposição. Questionada sobre a situação da Venezuela, a secretária adjunta disse que escutou que o diálogo “não deve ser uma tertúlia, o diálogo pelo diálogo”. “Tem que ser um diálogo com um ponto de ação”, expressou, segundo a agência Efe.
“O que a senhora tem a ver com o diálogo na Venezuela, senhora Jacobson?”, perguntou Maduro, complementando: “Preocupe-se com os problemas dos EUA, que os têm bastante, para que esteja se metendo na Venezuela”. O presidente venezuelano exigiu que a aliança opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática) repudie as declarações de Jacobson e as ameaças de sanções, no contexto da mesa de diálogo.
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O projeto de lei passou pela primeira fase de aprovação no Senado dos EUA apesar de um comunicado da Unasul difundido na semana passada pedir aos “diferentes governos, atores e organizações darem um espaço e um tempo para avançar no diálogo”. O texto expressava que sanções poderiam “polarizar ainda mais o cenário político e constituiria um obstáculo ao processo de acompanhamento iniciado pela Unasul” que contribuiu para diminuir a violência.
Conselho da Unasul
Três chanceleres da Unasul, entre eles Luiz Alberto Figueiredo, do Brasil, acompanham o processo de diálogo na Venezuela, dado como “congelado” pela oposição. Maduro disse que o chanceler Elías Jaua explicará com documentos “o plano de golpe de Estado, as ações terroristas” no país aos ministros de Relações Exteriores da Unasul, no Conselho do bloco que será realizado a partir desta quinta (22/05), no Equador.
“Vou solicitar através do chanceler que se convoque um conselho presidencial da Unasul em junho para que eu apresente aos chefes de governo, de Estado da América do Sul, as provas, o expediente completo que temos, do golpe de Estado, da participação de setores do poder dos EUA”, disse.
Segundo Maduro, “até o próprio presidente [Barack] Obama” reconhece que “a administração, o Departamento de Estado, a CIA” têm envolvimento no apoio de golpistas que querem derrubar seu governo. Sem citar nomes, ele afirmou que o líder norte-americano teria reconhecido “em conversas privadas” com pessoas que estiveram nos EUA. “Vou pedir apoio a toda a América do sul, a toda América Latina (…) nesta luta contra esse projeto fascista que quis se impôr pela via da força”, completou.