Alegando “mudanças internas no grupo”, o principal porta-voz do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), Subcomandante Marcos, anunciou que deixa a liderança do movimento guerrilheiro mexicano. O líder histórico do grupo armado, que completou 20 anos de existência no mês de janeiro, descartou que a decisão tenha sido tomada por problemas de saúde.
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“É preciso que um de nós morra para que Galeano viva”, escreveu no comunicado em que se afasta da liderança da guerrilha
Em um extenso comunicado publicado neste domingo (25/05), o líder zapatista afirmou que a partir de agora não responderá mais pelo nome de Marcos; seu novo nome será “Galeano”, em homenagem a um companheiro zapatista recentemente morto. “Por minha voz não será mais falada a voz da EZLN”, escreveu.
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Ouça a íntegra do comunicado lido pelo Subcomandante Marcos ontem (25), em Chiapas:
Em dezembro de 2013, o Subcomandante Marcos havia lançado seu último comunicado, no qual prometia que a luta grupo continuaria, sugerindo novas ações e fazendo críticas às diferentes correntes ideológicas. Depois de cinco anos ausente da vida pública, motivo pelo qual aumentaram as suspeitas de que Marcos pudesses estar doente, o líder voltou a aparecer ontem durante alguns minutos, montado em um cavalo e rodeado por indígenas em uma comunidade mexicana.
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Segundo o comunicado emitido, a decisão de aposentar a figura do Subcomandante Marcos estava planejada há tempos. O “momento indicado” para comunicar a mudança veio após o assassinato do indígena Jose Luis Solis Sánchez, o “Galeano”, no dia 2 de maio. “É preciso que um de nós morra para que Galeano viva”, explica o texto, afirmando que a figura do Subcomandante Marcos foi apenas uma “estratégia” para chamar a atenção diante da situação do povo indígena no México.
Em 1º de janeiro de 1994, um grupo de indígenas encapuzados e armados liderado pelo EZLN ocupou várias cidades no Estado de Chiapas no mesmo dia em que entrava em vigor o Nafta, tratado de livre comércio assinado pelo México, Estados Unidos e Canadá, durante o governo de Carlos Salinas de Gortari.