O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (02/06) uma ambiciosa meta para redução das emissões de dióxido de carbono em usinas de energia em 30% até 2030. A regulamentação tem como intuito fazer com que os EUA cumpram suas obrigações internacionais para reduzir as emissões, apontadas como uma das principais causas do aquecimento global.
Efe
Proposta de Obama gerou uma série de críticas por parte da oposição republicana
A Agência de Proteção Meio Ambiental (EPA, na sigla em inglês) estima que a medida vá custar entre US$ 7,3 bilhões e US$ 8,8 bilhões por ano, mas que vai proporcionar benefícios econômicos contabilizados entre US$ 55 bilhões e US$ 93 bilhões. Além disso, estudos da EPA apontam que a regulamentação vá impedir entre 2.700 e 6.600 mortes prematuras e prevê que os futuros encerramentos de fábricas de carvão vão levar a uma redução de 25% em poluentes do ar tradicionais – como a fuligem, enxofre e nitrogênio – que estão ligadas a diversas doenças respiratórias.
No último fim de semana, o presidente norte-americano, Barack Obama, lembrou que em torno de 40% da poluição no país são provenientes das usinas de energia. Com este novo regulamento. Em 2009, os EUA acertaram uma meta com a ONU, de redução de 17% da emissão de dióxido de carbono em relação aos níveis de 2005 até 2020 e de 83% até 2050.
Durante o primeiro mandato, Obama não conseguiu concretizar um projeto de lei abrangente em relação à mudança climática no Congresso. Na tentativa de marcar seu legado contra da mudança climática, o presidente optou por recorrer à sua autoridade executiva com esta iniciativa, se esquivando do Congresso – que gerou uma série de críticas por parte da oposição republicana.
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Alguns legisladores republicanos já demostraram rejeição à legislação e anunciaram que tomarão ações legais para frear sua aplicação, sob a justificativa que tal medida representaria a eliminação de milhares de postos de trabalho. Os governadores de alguns estados com forte dependência do carvão, como Kansas, Kentucky ou Virgínia, se apresentaram críticos ao plano. A câmara de Comércio norte-americana também expressou sua oposição ao plano, pelo aumento dos custos da energia, segundo a Efe.
Entenda a meta
A regulamentação tem como intuito atingir a maior fonte de poluição de carbono nos Estados Unidos: as mais de 600 usinas de energia movidas a carvão do país. Para especialistas, isso deve levar a mudanças sistêmicas no setor elétrico, incluindo transformações na forma como a energia é gerada e utilizada.
“Hoje, as mudanças climáticas – alimentadas pela poluição de carbono – aumentam drasticamente os riscos não apenas de nossa saúde, mas de nossas comunidades, nossa economia e nossa forma de vida”, declarou Gina McCarthy, diretora da EPA, segundo o The New York Times.
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Em termos práticos, a nova legislação deverá entrar em vigor somente em 2016. De acordo com a EPA, os 50 estados que compõem o país terão um amplo leque de opções políticas para alcançar os cortes de poluição. Em vez de imediatamente desligar usinas a carvão, os estados estão autorizados a reduzir as emissões a partir de mudanças em seus sistemas de energia, como a instalação de novas tecnologias de eficiência energética eólica ou solar ou o aumento do uso de gás natural, por exemplo.
Para McCarthy, o regulamento tem a flexibilidade como definição. “É isso é o que faz com que o plano seja ambicioso, mas realizável. É assim que nós podemos manter a nossa energia acessível e confiável. A cola que mantém este plano em conjunto – e a chave para fazê-lo funcionar – é que o objetivo de cada estado é adaptado às suas circunstâncias, de modo que os estados têm a flexibilidade para alcançar sua meta da maneira que melhor funcione a ele”, diz a funcionaria da EPA.