Atualizada às 13h17
O exército de Israel lançou 160 ataques aéreos na Faixa de Gaza no início desta quarta-feira (09/07), cobrando a vida de 19 palestinos. De acordo com fontes médicas, como o Ministério da Saúde de Gaza, agora são 46 os palestinos mortos desde o início da operação “Margem Protetora”, iniciada na segunda-feira à noite. O ministro da Defesa, Moshe Ya'alon, anunciou que a investida militar deve crescer nos próximos dias.
Efe
Palestinos em Ramallah queimam pneus em protesto contra a recente investida à Gaza, promovida pelo exército de Israel
A maioria dos mortos é civil — incluindo crianças. Além disso, os bombardeios deixaram mais de 200 pessoas feridas. O deputado Ahmed Tibi, árabe-israelense, acusou as forças armadas de estarem cometendo crimes de guerra em Gaza e “propositalmente eliminando famílias inteiras”.
De acordo com o jornal israelense Haaretz, Ya'alon afirmou que os ataques a Gaza destruíram armas, infraestrutura, centros de comando, prédios e casas de “terroristas do Hamas”. Ele não se referiu às mortes de civis. “Estamos matando terroristas de diferentes estratos, e essa operação irá se intensificar”, disse. “Da nossa parte, essa não precisa ser uma batalha curta. Continuarems a atingir o Hamas e outros grupos terroristas com força.”
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Israel já havia informado antes que havia matado em um ataque Abdullah Dyifala, comandante do Hamas identificado como responsável pelo lançamento de foguetes. Em resposta, milícias palestinas dispararam 45 foguetes em direção ao centro e ao sul de Israel, sem provocar vítimas. Sirenes de alerta soaram ontem à noite e esta manhã em Tel Aviv e Ashkelon.
A violência na região se intensificou desde a morte de três jovens israelenses na Cisjordânia no mês passado, seguida do assassinato de um adolescente palestino, incendiado com gasolina enquanto ainda estava vivo. O governo israelense culpa o Hamas pela morte dos jovens, fato que foi negado pelo grupo. O crime aconteceu poucas semanas após o Hamas e o Fatah definirem um acordo histórico de reconciliação — criticado por Israel.
Poucas horas depois do início da terceira operação contra o Hamas desde que o grupo assumiu o controle de Gaza, em 2007, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, confirmou a escalada, ao afirmar que prevê uma campanha bélica “conscienciosa, longa, contínua e dura”. O chefe do governo se reuniu em Tel Aviv com os principais responsáveis de Segurança para avaliar as diferentes opções e destacou a possibilidade de uma operação terrestre de grande escala.
Além disso, o governo já havia autorizado a mobilização de 40 mil reservistas para a fronteira com Gaza, território palestino cercado por Israel e alvo frequente de investidas militares. A pior delas, no final de 2008 e início de 2009, deixou mais de 1,4 mil palestinos mortos. Treze israelenses, sendo 10 soldados, perderam a vida.
Reações
Em comunicado oficial, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, pediu ao governo israelense que freie a ofensiva e cobrou envolvimento da comunidade internacional para evitar uma escalada bélica que poderia levar instabilidade a toda a região. Segundo a agência de notícias oficial palestina Wafa, Abbas também fez “consultas urgentes” com líderes árabes e de outros países para tentar que o executivo israelense volte atrás na operação.
A Casa Branca condenou o lançamento de foguetes palestino e manifestou apoio ao direito de Israel de “se defender”. Nenhum comentário foi feito sobre a mortes de civis palestinos.
Na mesma linha se pronunciou a ONU (Organização das Nações Unidas), cujo secretário-geral, Ban Ki-moon, condenou o lançamento de foguetes contra Israel e pediu a máxima moderação às duas partes, depois de forças de segurança israelenses iniciarem uma ofensiva contra a faixa.
“O secretário-geral está extremamente preocupado com a perigosa escalada de violência, que já causou várias mortes e ferimentos a palestinos como resultado das operações israelenses contra Gaza”, disse o porta-voz de Ban, Stéphane Dujarric, na entrevista coletiva diária.
O diplomata, que considera “imperativo restaurar a calma”, pediu que todas as partes tenham “a máxima moderação e evitem mais baixas civis e desestabilização”. Ele ressaltou que também é necessário responder à “insustentável situação em Gaza nas dimensões política, de segurança, humanitária e de desenvolvimento” para conseguir uma solução.