* Atualizada às 19h53
O Exército de Israel emitiu um comunicado neste sábado (12/07) solicitando que os palestinos residentes no norte da Faixa de Gaza deixem a área “para sua própria segurança”.
Tonight we will send messages to northern Gaza residents urging them to leave their homes for their own safety. It's unsafe to be near Hamas
— IDF (@IDFSpokesperson) 12 julho 2014
Da conta oficial das Forças de Defesa Israelenses: “Hoje à noite, enviaremos mensagens aos residentes do norte de Gaza para que deixem suas casas para sua própria segurança. É inseguro ficar perto do Hamas.”
De acordo com o jornal local The Haaretz, o objetivo é expandir o escopo dos bombardeios aéreos — mas continua iminente a possibilidade de uma operação terrestre, algo que não ocorre desde 2009. Um alto oficial israelense afirmou que os palestinos que habitam a região norte continuarão a receber avisos de evacuação pelo telefone, por panfletos espalhados e pela própria imprensa.
Agência Efe
No quinto dia da ofensiva militar, artilharia israelense posicionada na fronteira dispara contra Gaza
De acordo com o militar, a maior parte dos mísseis disparados pelo Hamas contra Israel — quase a totalidade deles é interceptada pelo sistema de defesa antiaéreo israelense — vem do norte de Gaza.
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O general Motti Almoz, porta-voz da chefia militar, afirmou que Israel planeja aumentar a intensidade dos ataques nas próximas 24 horas.
Conselho de Segurança da ONU
Horas antes do comunicado emitido por Israel, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) havia pedido que um cessar-fogo entre palestinos e israelenses fosse estabelecido. No 5º dia da operação militar lançada por Israel, cujos bombardeios já mataram mais de 120 palestinos, o órgão emitiu um comunicado pedindo que o acordo de trégua assinado em novembro de 2012 por ambas as partes seja novamente instituído.
A mensagem, aprovada por todos os 15 membros do conselho, expressa “séria preocupação sobre a crise reportada em Gaza e a proteção e o bem-estar dos civis dos dois lados”. O órgão da ONU também pede que palestinos e israelenses façam novos esforços de conversas diretas.
Agência Efe
Quinto dia da Operação Margem Protetora deflagrada por Israel foi o mais mortal, ao todo morreram 46 pessoas
Também neste sábado, Sami Abu-Zuhri, porta-voz do Hamas, responsável por controlar a Faixa de Gaza, disse que o grupo ainda não recebeu uma “oferta concreta” sobre um eventual cessar-fogo. “Não estamos implorando por uma trégua. Se recebermos uma proposta séria, vamos estudá-la e respondê-la. Enquanto isso, as forças de resistência seguem lutando contra a ocupação”, afirmou.
Alguns países árabes, como Catar e Egito — que decidiu hoje fechar a passagem fronteiriça com a cidade palestina de Rafah, aberta há alguns dias —, elaboraram uma minuta inicial para um cessar-fogo entre as partes. O documento foi encaminhado a ambos os lados, embora existam grandes reservas quanto ao conteúdo da proposta.
Ápice da violência
Mesmo com os clamores da comunidade internacional, a região viveu neste sábado o mais mortal dos dias desde que a ofensiva militar israelense, batizada de Operação Margem Protetora, ou Penhasco Sólido foi lançada por Tel Aviv há cinco dias: ao todo, 46 palestinos foram mortos hoje em Gaza, elevando para 151 o número total de vítimas, segundo fontes de saúde palestinas.
Agência Efe
Após Hamas ter comunicado que atacaria Tel Aviv, israelenses aguardam em shopping center depois dos alarmes soarem
Nos ataques, três sobrinhos do antigo primeiro-ministro do Executivo do Hamas em Gaza, Ismael Haniyeh, morreram durante um ataque aéreo contra a casa da irmã do dirigente islâmico em um bairro de Gaza. No mesmo ataque, outras três pessoas também morreram.
No início da madrugada em Gaza, um forte bombardeio matou pelo menos 15 pessoas e deixou mais de 30 feridos; segundo testemunhas, aeronaves israelenses dispararam pelo menos dois foguetes contra a casa, destruindo o estabelecimento por completo. Outras testemunhas informam que o bombardeio não foi precedido por um “tiro de aviso”, prática que os israelenses têm adotado nos ataques recentes.
Tuíte do jornalista Mikel Ayestaran, sinaliza que 75% dos lares em Gaza estão sem eletricidade durante a noite:
75% de hogares en #gaza sin electricidad, noche noche pic.twitter.com/FxoFuCbmUB
— mikel ayestaran (@mikelayestaran) 12 julho 2014
Também foi reportado hoje que uma série de mísseis foi disparada a partir do Líbano contra o território israelense. Israel respondeu ao ataque e não há feridos ou danos maiores registrados.
Cronologia das tensões
Segundo a imprensa israelense, várias vozes da comunidade árabe estão redobrando os esforços para que israelenses e palestinos interrompam as hostilidades. Os termos do acordo incluiriam o fim do bloqueio israelense além da redução do perímetro que Israel mantém como zona de segurança ao redor da Faixa de Gaza.
A escalada de violência israelense ocorreu após a morte de três adolescentes israelenses na Cisjordânia no final de junho. Como “vingança”, um jovem palestino foi queimado vivo e assassinado em Jerusalém.
Logo após a descoberta dos corpos dos três jovens, Israel iniciou uma ofensiva contra o Hamas. Aviões de guerra passaram a bombardear Gaza destruindo casas e instituições e foram realizadas execuções extrajudiciais. Até agora, quase 600 palestinos foram sequestrados e presos.
A tensão aumentou na região após anúncio, no começo de junho, do fim da cisão entre o Fatah e o Hamas, que controlam a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, respectivamente. Israel considera o Hamas um grupo terrorista e por isso suspendeu as conversas de paz que vinham sendo desenvolvidas com os palestinos com a mediação do secretário de Estado norte-americano, John Kerry.