O ministro israelense de Assuntos Exteriores, Avigdor Lieberman, incitou os israelenses a boicotarem os comércios de cidadãos árabes que aderiram a uma greve geral na última segunda-feira (22/07) em todo o território israelense em protesto aos ataques do exército de Israel à Gaza.
Em seu perfil oficial do Facebook, Lieberman escreveu: “Apelo a todos para que não comprem mais nas lojas e empresas daqueles entre o setor árabe que estão participando hoje na greve geral que foi declarada pelo Comitê Superior Árabe de Monitoramento como um sinal de empatia aos moradores de Gaza e contra a Operação Margem Protetora”.
Agência Efe
O ministro de Assuntos Exteriores, Avigdor Lieberman, em vísita à Alemanha no dia 15 deste mês.
Segundo o jornal israelense Haaretz, membros da comunidade árabe-israelita demonstraram grande interesse na greve, que teve uma adesão consideravelmente maior se comparada às greves de outros anos. Comerciantes e empresários que aderiram à manifestação não abriram as portas de suas empresas na última segunda-feira.
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O deputado israelense de origem árabe Basel Ghattas afirmou que a proposta de Lieberman é “um exemplo de incitação [ao ódio], racismo e de criação de uma mentalidade de rebanho”. Ele também disse que “a atmosfera de guerra e críticas racistas, que chegam a incitar violência contra árabes, é nutrida por incitações e declarações racistas de membros importantes do governo israelense”.
Em editorial publicado nesta terça-feira (22/07), o jornal Haaretz classificou as declarações de Lieberman de “perigosas e cínicas” e afirmou que o ministro de Exteriores “não hesitará em explorar a tensão destes dias e o medo para ganhar pontos políticos entre o eleitorado de extrema direita”. Segundo o periódico israelense, Lieberman estaria preparado a “inflamar sentimentos, colocar cidadãos uns contra os outros e pisar nos valores básicos de um regime democrático”.
Ataque à Al Jazeera
Ainda na segunda-feira, após reunião com o seu homólogo de Ruanda, o ministro de Assuntos Exteriores afirmou que estuda expulsar a rede de notícias Al Jazeera de Israel. Segundo ele, a “Al Jazeera abandonou qualquer semelhança a uma marca de mídia com credibilidade e transmite – tanto dentro de Gaza como fora, para o mundo – incitações antissemitas, mentiras, provocações e encorajamento para terroristas”.
Um dia após estas declarações, um avião de combate israelense bombardeou, sem causar vítimas, o último andar de uma torre no centro de Gaza, onde fica a sede da televisão catariana Al Jazeera e os escritórios da agência de notícias americana AP.
“Nos disseram que foi um erro, mas que de qualquer maneira era melhor que não voltássemos a nos aproximar”, explicou à Agência Efe um dos jornalistas que estavam sentados na frente do edifício, protegidos com capacetes e coletes a prova de bala.