* Atualizada às 21h03
Israel e o Hamas, grupo palestino que controla a Faixa de Gaza, concordaram nesta sexta-feira (25/07) em cumprir uma trégua humanitária de 12 horas proposta por Estados Unidos, Egito e ONU (Organização das Nações Unidas). A pausa nas hostilidades entrará em vigor às 7h locais (1h do sábado).
Apesar do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, ter aceitado a breve trégua, horas antes, o Conselho de Segurança israelense (órgão político que congrega ministros e membros do gabinete do premiê) havia rejeitado a iniciativa de um cessar-fogo mais duradouro apresentado no Cairo pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry, enviado ao Oriente Médio a pedido expresso do presidente Barack Obama.
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Agência Efe
O chanceler John Kerry foi enviado ao Oriente Médio a pedido expresso do presidente Barack Obama, para tentar pôr fim ao conflito
“Não há um acordo ainda sobre um cessar-fogo porque há diferenças sobre a terminologia e o marco”, afirmou Kerry. Para atar esses últimos detalhes, o próprio Kerry se reunirá amanhã em Paris com seus pares de França, Alemanha, Reino Unido, Catar, Turquia e da União Europeia, entre outros mediadores, informou uma fonte diplomática francesa.
A despeito da intensa pressão internacional, inclusive com declarações firmes das Nações Unidas e também do Brasil, pedindo por um acordo de paz, o Conselho de Segurança israelense foi unânime ao recusar o plano de trégua na forma em que foi apresentado. No entanto, Tel Aviv seguirá em contato com Kerry para buscar uma proposta “mais propícia a Israel”.
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Dois dias atrás, o Hamas, grupo islamita que controla o território da Faixa de Gaza, havia mostrado disposição em aceitar um trégua por razões humanitárias — sob a premissa de prosseguir com as negociações em seperado com Israel para atingir resultados mais duradouros.
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Agência Efe
É a segunda trégua humanitária proposta pela ONU; durante a primeira, de seis horas, houve notícias de rompimento dos dois lados
É a segunda trégua humanitária proposta pela ONU. Durante a primeira, que durou apenas seis horas, houve notícias de rompimento do cessar-fogo dos dois lados. Também é a segunda tentativa fracassada de um cessar-fogo duradouro. O primeiro, costurado pelo presidente egípcio, juntamente a Tel Aviv e a Mohammed Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), que controla a Cisjordânia, foi aceito por Israel, mas rejeitado pelo Hamas, que se sentiu excluído do processo de negociação — motivo pelo qual apresentou, dias depois, uma proposta para uma trégua de dez anos.
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Fontes de saúde em Gaza disseram que 55 palestinos foram mortos apenas no dia de hoje, incluindo um dos porta-vozes do grupo Jihad Islâmica, aliado do Hamas. No total, foram contabilizadas 844 pessoas mortas ao longo dos 18 dias de ofensiva militar — que começaram com bombardeios aéreos e se intensificaram, há nove dias, com a decisão de invadir o território palestino por terra.
O 18º dia da ofensiva teve também um novo componente: o conflito armado acabou se estendendo até a Cisjordânia, território palestino ocupado por tropas israelenses. Nas últimas 24 horas, seis palestinos morreram em confrontos militares israelenses e colonos judeus. O embate aconteceu após os movimentos palestinos na região terem convocado um “Dia de Ira” que reuniu milhares como resposta ao ataque realizado ontem por Israel contra uma escola gerenciada pela ONU na Faixa de Gaza.
Também hoje, o Exército israelense confirmou a morte de mais um soldado em combate. Com a nova baixa, sobe para 33 o número de militares mortos desde o início da ofensiva. Além deles, outros três civis, dois israelenses e um tailandês, morreram desde o início dos conflitos.
Agência Efe
Operação Margem Protetora já dura 18 dias e tem saldo de mais de 800 mortes, em Gaza e Israel
Na última sexta-feira do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, milhares pessoas em diversos países do mundo se mobilizaram contra a agressão sofrida pelos palestinos. Além da Cisjordânia, onde milhares saíram às ruas, também foram realizados protestos no Irã, Iraque, Inglaterra, França, Espanha, Paquistão, Jordânia, Turquia, Iêmen, Índia, Síria, Bahrein, África do Sul, Macedônia e ontem, nos Estados Unidos. No final de semana estão programadas diversas manifestações no Brasil.
Diplomacia
Israel lamentou ontem a decisão do Brasil de chamar para consultas seu embaixador em Tel Aviv, uma decisão que segundo o governo do país “não contribui para garantir a calma e a estabilidade na região”.
“O que estes passos fazem é dar um apoio ao terrorismo, e naturalmente afetam a capacidade do Brasil de influenciar (a região do Oriente Médio)”, segundo uma nota oficial. Para Israel, o retorno do embaixador “não reflete o nível das relações entre os dois países e ignora o direito de Israel e se defender”.
Ainda mais crítico do que a declaração oficial do Itamaraty, foram os comentários de Marco Aurélio Garcia, chefe da Assessoria Especial da Presidência da República. Em entrevista à emissora SBT, classificou como “genocídio” o conflito israelo-palestino. No entanto, Garcia não defendeu uma intervenção da ONU na região: “Se nós fizéssemos essa opção, não passaria pelo Conselho de Segurança e nós respeitamos o conselho”. Também ontem, em artigo exclusivo a Opera Mundi, Garcia respondeu aos comentários de Israel — que chegou a chamar o Brasil de “anão diplomático” — afirmando que o Brasil não busca a “relevância” que Israel tem ganhado nos últimos anos.
O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, também reagiu às críticas. “Somos um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU. E temos um histórico de cooperação pela paz. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles. O Brasil entende o direito de Israel de se defender, mas não está contente com a morte de mulheres e crianças”, afirmou à imprensa.
Cronologia das tensões
A escalada de violência israelense ocorreu após a morte de três adolescentes israelenses na Cisjordânia no final de junho. Como “vingança”, um jovem palestino foi queimado vivo e assassinado em Jerusalém.
Logo após a descoberta dos corpos dos três jovens, Israel iniciou uma ofensiva contra o Hamas. Aviões de guerra passaram a bombardear Gaza destruindo casas e instituições e foram realizadas execuções extrajudiciais. Até agora, quase 600 palestinos foram sequestrados e presos.
A tensão aumentou na região após anúncio, no começo de junho, do fim da cisão entre o Fatah e o Hamas, que controlam a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, respectivamente. Israel considera o Hamas um grupo terrorista e por isso suspendeu as conversas de paz que vinham sendo desenvolvidas com os palestinos com a mediação do secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
(*) Com informações da Agência Efe