* Atualizada às 19h55
A Argentina recebeu o apoio de presidentes do Mercosul (Mercado Comum do Sul), nesta terça-feira (2907), véspera do prazo final para o pagamento da dívida herdada da crise econômica de 2001.
A maioria dos chefes de Estado manifestou, durante a 46ª Cúpula do bloco, em Caracas, solidariedade a Cristina Kirchner contra o que a presidente argentina considera uma “agressão” por fundos especulativos. Os países do bloco também concordaram com a argumentação de Buenos Aires ao expressar que não é possível classificar de “default” (calote técnico) quando um país solvente efetua pontualmente seus pagamentos.
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Agência Efe
Na reunião: Mujica (Uruguai), Dilma (Brasil), Maduro (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina), Cartes (Paraguai) e Morales (Bolívia)
Nesta quarta-feira (30/07) vence o prazo do pagamento para que a Argentina não entre em “default” (calote técnico), devido a uma sentença de um juiz de Nova York. Caso o pagamento não seja efetuado até a data, o país pode ter bloqueados recursos no exterior utilizados para pagar sua dívida soberana que já foi reestruturada.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, reiterou sua solidariedade integral com a postura argentina. “A solidariedade do Brasil não é retórica. O Brasil apresentou-se como amicus curiae quando do exame pela Suprema Corte dos EUA. Tratamos do assunto igualmente na recente reunião em Brasília, entre os líderes do Brics e da América do Sul e me propus, junto com a presidente Cristina, a levá-lo à próxima reunião do G20 na Austrália”, lembrou.
Para a chefe de Estado, o problema que atinge a Argentina também atinge todo sistema financeiro internacional. “Precisamos de regras claras e de um sistema que permita foros imparciais, a previsibilidade e justiça no processo de reestruturação das dívidas soberanas”, afirmou a presidente. “Não podemos aceitar que a ação de alguns poucos especuladores coloque em risco a estabilidade e o bem-estar de países inteiros”.
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O venezuelano Nicolás Maduro, por sua vez, disse que os denominados “fundos abutres” buscam “provocar um dano” por meio da especulação financeira. Para ele, o Mercosul deve ir além das declarações de apoio, mas também com acompanhamento ao país. “Conte com todo o respaldo militante do nosso governo para acompanhá-los”, expressou.
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A chefe de Estado argentina agradeceu a solidariedade do bloco e afirmou que seu país pagará 100% da dívida aos credores, mas “de forma justa, equitativa, legal e sustentável”. De acordo com ela, os “fundos abutres” tiveram, com a sentença da Justiça norte-americana, um ganho de 1.680% em oito anos. Segundo ela, o juiz envolvido no caso não é imparcial.
[Presidente argentina, Cristina Kirchner, faz saudações da varanda do prédio da chancelaria venezuelana, em Caracas]
Além disso, quando o país tentou efetuar pagamento a credores que entraram em reestruturações da dívida em 2005 e 2010, o juiz norte-americano responsável pelo caso determinou a devolução dos fundos. Cristina lembrou que os recursos destinados estão “imobilizados sem que ninguém decida sobre eles para que possam chegar a seus donos”.
Para Cristina, não há “default”. “Default é quando não se paga, e a Argentina pagou”. A presidente argentina questionou ainda sobre “onde estava o FMI [Fundo Monetário Internacional]” pediu empréstimos a altas taxas, se endividando acima de sua capacidade de pagamento.