Em função do surto de ebola em alguns países africanos, a agência de controle de fronteiras da UE (União Europeia) decidiu nesta segunda-feira (18/08) suspender temporariamente os voos que levariam de volta aos países de origem imigrantes em situação irregular.
Na prática, a interrupção desses traslados de repatriamento vai na contramão da rígida política migratória conduzida pelo bloco, já que, assim, os migrantes permanecerão em solo europeu por tempo indeterminado.
Agência Efe
Com pelo menos 1.145 mortes, surto de ebola na África Ocidental é considerado o pior já registrado
“Nós decidimos suspender indefinidamente os voos que coordenamos e financiamos”, disse à agência AFP Ewa Moncure, porta-voz da Frontex (Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas da UE). De imediato, só há confirmação de suspensão dos voos para a Nigéria, mas o diretor-adjunto do órgão, Gil Arias, disse à agência Efe que outros países poderão ser afetados.
“Enquanto não tivermos certas garantias de que a epidemia está controlada, a Frontex não vai organizar voos de retorno a esses países”, comentou Arias.
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Embora a Frontex, agência da UE cuja sede é em Varsóvia, capital da Polônia, só lide com 2% dos voos de repatriamento de imigrantes realizados na Europa, a iniciativa poderá criar uma tendência. O restante dos traslados é feito pelos próprios países, que, influenciados pela postura da Frontex, poderão adotar o mesmo procedimento. “Alguns países, notadamente a Áustria, já optaram por decisões semelhantes”, completou Moncure.
O surto de ebola, considerado o pior registrado, afeta principalmente os países da África Ocidental e já deixou pelo menos 1.145 mortos na região.
OMS: autoridades devem checar viajantes
A preocupação com o controle da epidemia fez com que a OMS (Organização Mundial da Saúde) adotasse hoje um tom mais duro. Segundo a instituição ligada à ONU, as autoridades de todos os países afetados pelo ebola devem realizar a checagem de todos os viajantes que estão partindo de aeroportos internacionais, portos marítimos e principais fronteiras terrestres.
Para a OMS, qualquer um que apresente sinais de contaminação pelo vírus deve ser impedido de viajar.
Agência Efe
Equipe do serviço de saúde queniano examinam viajantes internacionais que chegam ao país no aeroporto de Nairóbi
Embora o alerta seja grave, a OMS fez questão de ressaltar que os riscos de contaminação pelo ebola em aeronaves comerciais é baixo, já que os pacientes infectados estão geralmente muito doentes e debilitados para viajar, mesmo aqueles cujo ponto de partida são países fortemente afetados, como Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
A OMS também afirma que ainda não há necessidade de restrições mais abrangentes nos serviços de viagem e comércio internacionais; lembrando ainda que os viajantes que deixaram países afetados pelo surto devem procurar assistência médica ao menor sinal da doença — febre, dor de cabeça, garganta inflamada, diarreia e vômitos, entre outros sintomas.
“Países afetados devem conduzir triagem de saída em todas as pessoas nos aeroportos internacionais, portos marítimos e fronteiras terrestres para flagrar doenças febris sem explicações com potencial infecção do ebola. Qualquer pessoa com uma doença consistente com o vírus do ebola deve ser impedida de viajar, a não ser que a viagem seja parte de uma evacuação médica apropriada”, ressalta o comunicado oficial emitido hoje pela OMS.
Libéria procura contaminados
Autoridades da Libéria procuram hoje pacientes contaminados que fugiram de um centro de quarentena, alvo de um ataque e de saques realizados ontem na capital do país, Monróvia.
Agência Efe
Corpo de uma vítima do vírus ebola em Monróvia, capital da Libéria, cujo centro de quarentena foi atacado ontem
“Ainda não os encontramos”, disse hoje Lewis Brown, ministro da Informação da Libéria, aumentando o medo de que os pacientes, à solta, possam espalhar o vírus pelo país, um dos mais afetados pelo surto.
Após o ataque de ontem, pelo menos 20 pacientes fugiram do centro de quarentena. No ataque ao local, homens também levaram alguns utensílios contaminados, como colchões e lençóis manchados de sangue.
A invasão do centro de quarentena foi supostamente organizada por manifestantes que estavam descontentes com os pacientes que eram trazidos de outras partes da capital, informou o ministro da Saúde, Tolbert Nyenswah.