Após dez dias da morte do jovem negro Michael Brown por um policial branco, a cidade de Ferguson, no Missouri, viveu nesta terça-feira (19/08) mais uma madrugada de violência e forte demonstração de poder por parte dos agentes de segurança da polícia local e das recém convocadas tropas da Guarda Nacional norte-americanas. A noite de distúrbios, gás lacrimogêneo e tiroteios terminou com dois homens baleados, um deles na mão, e 31 pessoas detidas.
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Agência Efe
Forças de segurança em Ferguson ordenaram que população deixasse a área dos protestos pois o local havia “deixado de ser seguro”
Enquanto o contingente militar da Guarda Nacional, enviado ontem ao local a pedido do governador do Missouri, entrava na região dos protestos, a polícia ordenava que a imprensa deixasse o local.
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As manifestações tiveram início no fim do dia em que um legista particular contratado pela família de Brown ter afirmado que, após análise pericial, o jovem de 18 anos foi baleado na parte posterior do braço direito, podendo indicar ou que estivesse com as mão ao alto, em sinal de rendição, ou que fora atingido de costas.
Agência Efe
Mesmos após convocação de tropas da Guarda Nacional a pedido do governador do Missouri, protestos seguiram em Ferguson
Outra autópsia, desta vez realizada de forma independente, constatou que Michael Brown foi atingido pelo menos seis vezes, duas das quais na cabeça.
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Embora tenha dito acreditar que a “vasta maioria” dos manifestantes é pacífica, pedindo que o governador faça uso “limitado” da Guarda Nacional, Obama ainda não fez um pronunciamento impactante sobre o episódio, que tem acirrado as tensões raciais no país. A Casa Branca, entretanto, optou hoje por enviar à cidade de Ferguson o procurador-geral, Eric H. Holder, com o objetivo de supervisionar as investigações do caso.
Agência Efe
Em via pública na cidade norte-americana de Ferguson, manifestantes segura cartaz em protesto: “Parem de nos matar”
Área “deixou de ser segura”
Centenas de manifestantes voltaram a ocupar a Avenida West Florissant, em Ferguson, epicentro dos protestos, em uma concentração que começou pacífica e terminou com enfrentamentos. A tensão cresceu a partir das 22h (local de segunda, 1h de terça em Brasília), quando a polícia começou a avisar os manifestantes que deviam sair da rua se não quisessem ser detidos, depois de várias pessoas lançarem coquetéis molotov, garrafas e outros objetos contra os agentes.
Quase duas horas depois, logo antes da meia-noite em Ferguson, os agentes começaram a avançar contra os manifestantes, com “armamentos antidistúrbios” e alertando através dos alto-falantes que a área havia “deixado de ser segura”, que as pessoas deveriam voltar para suas casas. A maioria dos manifestantes atendeu a ordem, embora um pequeno grupo, de menos de cem pessoas, tenha resistido.
(*) Com informações da Agência Efe