Para tentar coibir o contrabando de alimentos na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro anunciou a adoção de um sistema biométrico nas redes de alimentação públicas e privadas do país. A medida tem como objetivo impedir que os usuários comprem diversas vezes o mesmo produto e, assim, acabar com o contrabando e a comercialização irregular dos mesmos.
Reprodução/Twitter
Restrição de locomoção na fronteira com a Colômbia a noite é apontada como um dos fatores para a volta dos produtos às prateleiras em Táchira
Em um discurso realizado na noite desta quarta-feira (20/08), Maduro explicou que a iniciativa é necessária para evitar o contrabando e afirmou que o sistema é similar ao utilizado nos processos eleitorais do país. “Esse sistema vai ser como uma bendição contra fraudes, assim como o sistema eleitoral. A distribuição e a comercialização será perfeita. Tenho certeza”, garantiu.
Leia também: Durante visita de Maduro, Fidel Castro felicita Venezuela por ajuda a Gaza
O presidente também pediu a aplicação da Lei Contra o Contrabando de maneira “implacável” e anunciou o confisco de todos os bens que se encontrem relacionados com este crime. “Confiscar de maneira imeditada tudo o que se consiga: caminhões, galpões, etc. E tudo deve ser passado às autoridades para que sejam transferidos para a Missão Alimentação”.
A previsão é que o sistema seja implementado completamente até o final do ano, precisou o superintendente Andrés Eloy Méndez durante entrevista à emissora VTV. Os donos de supermercados no país foram informados sobre a instalação do sistema “que servirá para a medição do abastecimento a nível nacional”.
Leia também: Ministros colocam cargos à disposição de Maduro para reorganizar governo venezuelano
Os preços subsidiados de produtos de consumo básicos no país despertaram um contrabando de alimentos para a Colômbia que, segundo o governo, impacta 40% das importações e compras que a Venezuela faz para abastecer seu mercado.
Veja como atuam os contrabandistas de alimentos na Venezuela:
O governador de Táchira, Jóse G.Vielma Mora, afirmou em seu Twitter que ações do governo na região estão dando resultado e produtos voltaram às prateleiras dos supermercados.
Críticas
A Venezuela vive crise de abastecimento de produtos essenciais há mais de um ano. Nos mercados, faltam alguns alimentos, materiais de higiene e limpeza. A escassez provoca longas filas de consumidores, que são agravadas pelo fato de que os supermercados operam com menos caixas do que a demanda.
Leia também: Há 10 anos, Chávez vencia referendo revogatório na Venezuela
A crise atinge também a saúde. Na segunda-feira (18/08), o ministro venezuelano de Saúde, Francisco Armada, admitiu que faltam alguns remédios e insumos hospitalares. “Há um grupo de remédios que realmente não existe”, disse à VTV. Ele negou, no entanto, que faltem coquetéis para os portadores do vírus do HIV, como divulgado por meios de comunicação do país.
NULL
NULL
Para a oposição, a medida anunciada ontem por Maduro corresponde à versão venezuelana do cartão de racionamento cubano — sistema por meio do qual o governo subsidia o consumo básico mensal dos cidadãos.
Em seu Twitter, o ex-candidato à presidência pela MUD (Mesa de União Democrática) Henrique Capriles afirmou que “querem implementar um sistema biométrico nos mercados que não é outra coisa mais que cartão de racionamento, outro fracasso do governo” e acrescentou em outro tuíte: “além disso, falam de consumo justo. Consumo justo é que o salário seja suficiente para as três comidas diárias e te sobre”.
Quieren implementar un sistema biométrico en los mercados que no es otra cosa + que tarjeta de racionamiento,otro fracaso del Gob
— Henrique Capriles R. (@hcapriles) 20 agosto 2014