As organizações de proteção aos direitos humanos Anistia Internacional e Human Rights Watch estão acusando Israel de fechar as fronteiras com a Faixa de Gaza, impedindo que investigadores dos grupos entrem no território para monitar violações e crimes no local.
Em um comunicado conjunto divulgado na quarta-feira (20/08), as duas ONGs pedem que o governo israelense permita a entrada dos funcionários no local, sobretudo após o fim do cessar-fogo temporário e a retomada das hostilidades entre o Exército de Israel e o braço armado do grupo Hamas, que controla o território palestino.
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Agência Efe
Reconhecidas pela atuação na proteção dos direitos humanos, Anistia e HRW não conseguem cruzar fronteira de Israel com Gaza
“As autoridades israelenses parecem estar fazendo jogos burocráticos conosco quanto ao acesso a Gaza, condicionando nossa entrada a critérios descabidos mesmo enquanto aumenta a contagem de mortos”, disse no comunicado Anne FitzGerald, diretora do setor de Pesquisa e Resposta a Crises da Anistia Internacional.
“Neste momento, já pensamos que é algo intencional”, disse ao site Buzzfeed Deborah Hyams, também da Anistia Internacional.
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Desde que a Operação Margem Protetora foi deflagrada em 7 de julho — primeiro com bombardeios aéreos, depois com invasão terrestre —, mais de 2 mil palestinos já morreram e 10 mil ficaram feridos, em sua maioria civis. Do lado israelense, 64 soldados foram mortos em combate, além de três civis vitimados por conta dos foguetes.
Acesso bloqueado há anos
A dificuldade de acesso a Gaza por parte de instituções humanitárias não é de hoje. Nos últimos anos, nenhuma das duas ONGs conseguiu entrar no território palestino — além de Israel, o Egito também dificulta o acesso em sua fronteira.
A última vez que a Anistia Internacional conseguiu penetrar na Faixa de Gaza foi em novembro de 2012, por meio da passagem egípcia na cidade de Rafah. A Human Rights Watch, por sua vez, não entra em Gaza desde 2006, quando pôde cruzar a fronteira israelense em Erez.
Ao longo do último mês, o Buzzfeed apurou que tanto a Anistia quanto a HRW vêm tentando obter permissão junto à agência israelense que controla a fronteira com Gaza.
O objetivo das ONGs é enviar ao local, epicentro do conflito e das denúncias de crimes contra o direito internacional humanitário cometidos pelo Exército israelense, pesquisadores e especialistas em armamentos para monitorar os confrontos.
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Agência Efe
Após fim do cessar-fogo temporário sem um acordo duradouro, Israel voltou a bombardear Gaza nesta semana
Ambas as ONGs têm o objetivo de produzir relatórios sobre violações contra os direitos humanos tanto por Israel — alvo de uma comissão investigadora especial da ONU (Organização das Nações Unidas) — quanto pelo Hamas, também acusado de cometer abusos. Mas para isso, precisam enviar ao local funcionários que produzam entrevistas e conduzam as investigações.
Israel afirma que as entidades interessadas em ir a Gaza precisam estar registradas como organizações humanitárias no Ministério de Assuntos Sociais, ligado ao Ministério das Relações Exteriores. Tel Aviv, entretanto, diz que a Anistia e a HRW não cumprem com as exigências requisitadas para obter a qualificação e o aval.